segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Convivendo e superando as perdas



                                                                                                                                                    Imagem: reprodução Internet

Popularmente, o luto acontece quando há a perda, por morte, de algum ente querido. Para a psicanálise, o luto acontece quando há uma perda, seja de uma pessoa – por morte ou não, objeto ou situação da qual fazia parte do cotidiano do indivíduo. Após o termino de um relacionamento amoroso, independentemente do tempo em que ele ocorreu, afinal, cada pessoa possui um tempo diferente para criar laços de apego emocional, é comum haver um sofrimento, por menos que seja relatado ou sentido conscientemente logo após esta separação.

O luto não deve ser evitado, pelo contrario, ele precisa ser vivido para que então possa ser superado, caso contrario, ele pode aparecer ou retomar muito tempo após a tal perda e então ser ainda mais difícil e demorado diagnostico – visto que é comum que ele se manifeste e permaneça entre 6 e 24 meses após o evento traumático.

A melancolia costuma acontecer juntamente do luto, porem, esta é vista como mais grave que ele, pois não possui um tempo determinado para sua duração e pode ser o inicio de um caso de depressão. A melancolia não permite que o luto seja superado, ela insiste na ideia de manter viva a situação cujo houve ruptura de alguma maneira.

Em casos de morte, é comum que o sujeito acometido pela melancolia não permita mexer ou doar qualquer pertence da vitima. Em fins de relacionamentos, historias fantasiosas e a insistência em retomar a relação podem culminar em crimes passionais, movidos pela depressão – pelo desejo de por fim na dor sentida.

A melancolia é a perda de um objeto que fazia parte do Ego, este então precisa ser reconstruído, algo precisa ser colocado no lugar para haver a, não  transferência, como real substituição do objeto de amor – ou ódio, visto sentimentos ambivalentes. Durante este processo, há uma autopunição, pois o Ego não foi suficientemente bom para conseguir manter-se inteiro.

Aqui surge um dos sintomas mais comuns e vistos durante a depressão: o descuido com a aparência, física e psíquica – principalmente a debilidade alimentar e o descaso com a higiene pessoal, permitindo ser visível o desleixo, o descaso consigo mesmo.

Em casos de depressão, ou lutos prolongados, melancolias profundas, a psicanálise toma como ajudantes as psicoterapias e as drogas controladas pela psiquiatria – visto que o mal psíquico já conseguiu tomar conta do corpo e também deixá-lo debilitado, tornando quase que impossível a melhora – a cura – do indivíduo por si só, por meio dos insights possibilitados através da psicanálise.

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