segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A necessidade de fortalecimento do Ego



                                                                                                                                                   Imagem: reprodução Internet

Para que se possa compreender uma população é necessário encontrar e estudar suas origens, da mesma maneira uma civilização. Talvez por isso, para buscar um entendimento por completo, até hoje há inúmeros estudos e hipóteses sobre o surgimento da Terra e a espécie humana. Menos extenso, porem, não menos problematizado, o mesmo acontece com um indivíduo. Este  é conhecido – por si  ou pelos outros – quando sua historia de vida é revelada.

Muito se critica sobre o povo brasileiro, povo que não sabe votar, que tem memória curta e por ai os xingamentos educados são continuados. Pouco observa-se sobre a origem do país, um país jovem, 500 anos, ainda em desenvolvimento. Ignorante opinião talvez, mas, impossível de comparar o momento atual do pais com a Itália, Inglaterra, ou, ate mesmo, Portugal. Enquanto monumentos como a Torre de Pisa foram construídos há praticamente mil anos, o Brasil foi “descoberto” há apenas 500 anos. Historia que muito já se desenvolveu, porem, que ainda permanece enraizada em seu povo, em memórias doloridas, ainda não superadas ou, como a psicanálise prefere, ressignificadas.

Desta maneira, um indivíduo que não conhece, não possui real compreensão sobre suas raízes, ao deparar-se com uma sociedade em uma situação semelhante, acaba seguindo exemplos externos – perdendo a forca do Ego – e não reconhecendo desejos do Id. Podendo assim, acabar sendo controlado pelos líderes embutidos em meio a massa. Líderes, estes, que, muitas vezes, não escolheram seu posto, foram ali colocados por uma maioria que também não se deu conta de tamanha função.

Este líder, então, torna-se uma espécie de Ego, acaba sendo introjetado por ele e cumprindo com suas funções. Na sociedade de hoje este líder – Ego – pode ser do âmbito religioso, político, artístico, entre outros. Pode-se tomar como exemplo a sociedade capitalista que, hoje, já sofreu uma modificação e pode chamar um de seus braços como a “sociedade do consumo”.

A sociedade do consumo consume sem necessidade, aqui observa-se que a ênfase na riqueza e no poder passou do âmbito material para o mental. Há uma inversão, onde a busca já esta introjetada no sujeito. A tão falada pela psicanálise busca pela falta de algo que não consegue se identificar na realidade o que é. 

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A psicanálise como profissão



                                                                                                                                                    Imagem: reprodução Internet

Apesar de um médico, Freud, ser quem desenvolveu a teoria e os métodos da psicanálise ela não é considerada uma área da medicina, tão pouco, surgiu da psicologia, assim, não é, propriamente, uma abordagem da psicologia. Psicanálise é psicanálise, no máximo pode estar atrelada a hipnose – pois foi daí que Freud começou a perceber as mudanças de comportamento enquanto os pacientes estavam acordados (em estado consciente) e dormindo ou hipnotizado (estado inconsciente). Porem, da hipnose, pouco restou, apesar da associação livre ter sido chamada, inicialmente, de uma espécie de hipnose acordado.

Deixando claro e diferenciando a psicanálise de medicina – logo da psiquiatria – e da psicologia, compreende-se de que ela somente deve ser exercida por psicanalistas. Surge então a duvida sobre a formação psicanalítica. Que é diferentemente para profissionais mais voltados para a filosofia e docência e daqueles que buscam a clinica.

A clínica psicanalítica trabalha através do chamado PIC: pontuar, interpretar e confrontar. Além de toda a teoria e estudos da técnica, o profissional, o analista, necessita de toda uma vivencia de analise para que possa compreender os melhores momentos para exercer estes três passos primordiais da clinica. Para este conhecimento então esta proposto que o analista passasse pelo tripé da psicanálise: formação, análise pessoal e supervisão. Somente após estas três etapas vivenciadas é que o profissional pode sentir apto a clinicar.

Lembrando que a formação esta em constante construção e atualização, Freud mesmo deixou a porta aberta para suas teorias serem mais aprofundadas e atualizadas. A analise pessoal também não é necessária somente durante o processo de formação, mas, sim, quando o profissional como pessoa sentir necessário – seja por um problema que esta relacionado a sua profissão ou não. Enquanto a supervisão, é mais presente no início da carreira profissional, porém, quando necessário, é de extrema importância que exista um profissional que possa contribuir com um olhar novo para uma situação que parece não haver solução e que todos os caminhos parecem já terem sido esgotados.

É de tamanha importância a vivencia de analise pessoal para que o profissional possa estar no lugar do paciente e sentir o que pode acarretar um analise e a presença de um profissional – visando que o processo de transferência e contratransferência vivo em clinica é de tamanha importância para a continuidade da analise e o PIC, muitas vezes, mostrando ao profissional que esta no caminho certo e que, ali, encontrou a resistência.

A transferência ocorre quando o paciente esta próximo ao insight, próximo a situação que, provavelmente, o levou a analise e o causou angustia, neurose, processos histéricos. Ao alcançar este estagio, o paciente, mesmo que consciente e acordado, volta para o seu passado e revive aquele situação dolorosa que por muito tempo ele se esqueceu ou a ignorou. O sentimento então que é transferido ao profissional, sendo amor ou ódio, não é real para com sua pessoa, mas, sim, voltou a ser sentido devido a situação estar novamente sendo vivida. Nesta revivência acontece a ressignificação daquela figura ou situação dolorosa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Neurose de angústia



                                                                                                                            Imagem: reprodução Internet

A neurose obsessiva pode trazer diversos sintomas para o neurótico, eles variam de acordo com a estrutura de sua personalidade – idílica, egóica ou superegóica. Apesar desta diferença, o ponto comum entre elas é a forma a qual foram geradas, através da angustia – esta que, para Freud, esta ligada a um acúmulo de energia, logo, esta conectada a libido. Neste processo são acionados os mecanismos e prazer e desprazer, ligados ao Id.

A angústia, juntamente com a força do Superego, faz com que o neurótico passe a esquivar-se do prazer, muitas vezes faz isso sublimando seu desejo. Desta maneira, o acumulo de energia para determinada atividade que não é reconhecida ou aceita conscientemente mantém-se ali, fixa, aguardando o momento de ser utilizada. As demais atividades perdem o rendimento e deixam de gerar prazer, pois a libido possui somente um foco naquele momento, o desejo não realizado.

Para evitar todo este processo conflituoso, anterior a angústia, podem surgir as inibições – da função do Ego. Estas podem se manifestar no âmbito sexual, de nutrição, locomoção e de trabalho. O processo é semelhante a histeria, porem, menos grave – onde há uma perda parcial e momentânea da função, diferentemente da histeria, onde há uma afetação por completo.

Com esta inibição identificada, por exemplo, diminuição do prazer sexual ou esquiva para não praticar o ato, indica que há algum problema a ser observado – seja na relação atual, passada (englobando a infantil) ou, até mesmo, íntima e pessoal. A inibição, este acúmulo de energia tende a estar ligado ao medo e tensão, onde é acionado o mecanismo de sobrevivência, onde o indivíduo necessita manter-se estável perante determinado acontecimento, mesmo que este “estável”  não seja um estado desejado  conscientemente e sim inconscientemente – um trabalho realizado pelo Ego para evitar conflitos maiores com o Id ou com o Superego.

A neurose da continuidade e surgem então os sintomas, estes estão ligados a autopiedade e autopunição – resultados dos prazeres proibidos e dos desprazeres reprimidos. Pela repressão, estes sintomas são então os substitutos da satisfação pulsional, esta que não consegue ser realizada. Todo este processo para ser resolvido necessita ser identificado o gatilho que disparou a neurose, ou seja, qual foi o desejo que recolheu tamanha energia e não foi autorizado a ser realizado. A psicanálise não somente identifica o gatilho, mas, sim, o motivo de seu surgimento, para que então toda esta cadeia possa ser revista e ressignificada – bem como a energia, que deve ser redirecionada para um desejo aceito conscientemente, logo, dentro do princípio de realidade.