segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Aprendendo a utilizar a energia libidinal do Ego



                                                                                                                                       Fonte: Imagem Internet

Diferentemente do que possa se pensar inicialmente, o prazer não está ligado a um aumento de excitação. O prazer é sim uma descarga de energia, ou seja, uma diminuição da excitação. O auge, o ápice, do prazer seria um acúmulo de energia, gerando excitação, inquietude, buscando, então, a calmaria e tranquilidade de libertar estes desejos.

Por exemplo, a relação sexual. Por mais prazerosa que ela como um todo seja, todo indivíduo – que não possua uma neurose ou perversão especifica – almeja o relaxamento proporcionado pelo orgasmo. Então, o prazer neurótico é algo criado pelo aparelho psíquico que não pode ser atingido em sua completude, no plano real, somente em seu mundo interior.

Assim, pode-se enxergar o principio do prazer que, em um indivíduo com devido funcionamento psíquico, será substituído em sua vida adulta pelo principio de realidade. O principio do prazer está relacionado ao momento infantil – seja na infância ou não. A busca pelo prazer sem medir consequência, sem passar pelo crivo de Ego e Superego. Já o principio da realidade, quando ativo e em pleno funcionamento, busca, também, o prazer, porem, de uma maneira mais contida e realista, pode não alcançar, em vista ao principio do prazer, um desejo tão intenso, porem, não será acometido pela culpa – gerada pelo Superego – após a realização e o alcance do prazer sem medidas.

É no período da infância que a criação conhece os prazeres e desprazeres. Por exemplo, durante a brincadeira com o carretel observada por Freud, o citado por ele como "fort da". A criança aprende que o brinquedo se vai, ao ser jogado, porem, ele volta. Ele descobre o poder que ele próprio possui de distanciar algo dele e, posteriormente, trazê-lo de volta. Bem como o prazer e o desprazer da presença da mãe ou cuidador. Há o prazer em tê-lo presente, logo seguido do desprazer em não possuí-lo todo o tempo e sim, quando lhe é possível. Esta brincadeira torna possível e reconhecível logo nos primeiros anos o tamanho prazer gerado pela volta do objeto amado, do objeto de desejo – a tal saudade, existente somente no vocabulário brasileiro, porem, citado nas demais línguas como o sentir falta.

A energia então, armazenada no Ego, está sempre focada em algo bom – direta ou indiretamente. Ao observar um comportamento, principalmente aqueles de repetição, o sujeito esta buscando algo que, em um determinado momento, lhe foi bom. Este comportamento pode demonstrar que o presente momento de vida não está agradável, pois está sendo buscado algo do passado para ser retomado.

Em clínica, o processo de resistência se intensifica quando o passado não gera algo prazeroso, pelo contrário, traz de volta a dor – já que é necessário recordar, repetir e elaborar eventos passados como se acontecessem no momento atual, para que então possa acontecer a devida elaboração, com o auxílio do terapeuta, ressignificando e curando esta ferida do passado, podendo olhar para ela como algo resolvido, por mais doloroso que tenha sido.

A análise busca identificar onde está alocada esta energia – libidinal – do paciente. Ela está, ate ser focada em um determinado objetivo, armazenada no Ego – então, toda a energia esta, inicialmente, ligada a libido, mesmo que posteriormente seja dessexualizada. Quando a energia esta então focada em um objetivo ela passou pelo processo de catexia. Cabe ao terapeuta, junto do paciente, descobrir, quebrando as repressões e recalques, qual prazer, qual finalidade esta energia esta buscando.

A energia catexizada em algo não pode ser utilizada em outra atividade, ela esta ali, presa, ate ser realocada, direcionada corretamente, ou então conseguir alcançar seu objetivo que eh a explosão de prazer que busca através daquele ponto desejado.

Além de buscar um direcionamento que não gere transtornos, neuroses e desprazeres, além de enfraquecimento do indivíduo, a analise busca manter esta energia estabilizada, o mais baixa possível, para que a excitação não tome conta do organismo, deixando ele exausto físico e mentalmente.

Um comentário:

  1. Gostei muito do texto claro explicativo e mostra como a energia libidinal e a força motora do ser humano.
    Parabéns.

    ResponderExcluir