sexta-feira, 19 de junho de 2015

Perfis no setting de análise



                                                                                                                                                   Imagem: Reprodução Internet

Entre os diversos perfis que se apresentam no setting de análise está o perfil obsessivo. Suas características mais viseis são a substituição de amor pelo dinheiro e sua pontualidade extrema – devido o medo inconsciente de punição, remetendo seus problemas e medos vividos durante a infância. Ele possui uma extrema dependência do outro, porém, devido seu amor-próprio e controle exacerbado, pouco consegue deixar transparecer esta característica – o amor e a afeição são substituídos por respeito e segurança, deixando claro, aqui, que, de forma consciente, sua cabeça trabalha muito mais que seu coração. As experiências prazerosas são sempre adiadas – mesmo que desejadas anteriormente e sendo possível suas realizações – devido seu medo inconsciente da dependência do sentimento que ela provoca.
Durante a infância, buscava controlar a relação com os pais não obedecendo os horários por eles impostos, inclusive nas horas das necessidades fisiológicas – elas que também eram utilizadas por ele como uma forma de controle, por exemplo, urinar assim que a fralda havia sido trocada. Mesmo beirando a depressão, é muito difícil para ele enxerga-la, devido todo seu distanciamento emocional nas relações que está, de alguma maneira, inserido.
Através de uma paciente histérica foi que Freud iniciou seu olhar diferenciado para a medicina e, então, iniciou seus estudos que culminaram na psicanálise. A histeria, primeiramente vista como uma doença exclusivamente feminina – já que, supostamente, era causada por um mal súbito sofrido no útero – já há muitos anos possui homens com este diagnóstico – o mais conhecido deles é Adolf Hitler. O histérico é identificado através de suas cenas, este não mede suas palavras e atos para atrair atenção, muitas vezes cria e recria histórias de terceiros em busca da atenção que acredita necessitar – seja de maneira positiva ou negativa. Até mesmo uma repreensão para o histérico é vista como uma conquista, enfim, ele recebeu atenção.
Muito diferente dos depressivos, os histéricos cuidam excessivamente de sua aparência e são extremamente sedutores, tanto em sua fala, quanto em seu comportamento. Diferenciam-se também dos obsessivos devido sua falta de maturidade e pela necessidade de sentir-se ligado emocionalmente ao outro – caso isto não ocorra, ele sente-se fracassado na relação, fazendo com que a culpa caia sobre o outro. Devido a imaturidade, o histérico não consegue assumir seus atos e arcar com as consequências deles, bem como o sentimento de culpa. Os histéricos são também narcisistas, fazendo com que não tenham controle de sua vida financeira, necessitando realizar gastos para tornar-se mais belo aos seus próprios olhos – assim, acaba tornando-se hostil e competitivo em seus relacionamentos.
Há também casos de histeria de conversão – como o tratado por Freud, Anna O., onde ela sofreu diversas mazelas físicas sem nenhuma real debilidade constatada (entre elas, cegueira e paralisia dos membros inferiores). No comportamento da paciente pode também observar que o amor edípico foi transferido para seu analista, fazendo com que ela tentasse, de todas as maneiras, seduzi-lo – mostrando-se, ora frágil, ora sedutora.
Por fim, o terceiro perfil, o paciente fóbico. Este paciente deposita todas as suas esperanças de cura no profissional, fazendo com que haja um desapontamento logo nas primeiras sessões, quando ele descobre que a melhora, a cura, depende dele próprio. Ao não conseguir reprimir seus pensamentos e impulsos perturbadores, seu conflito emocional interno é externalizado e transferido para algo ou uma situação, toda sua fobia está ali depositada – uma forma de tornar o inconsciente consciente e encontrar ajuda para a solução do conflito que não é mais somente interno.
Medo, pavor, fobia, de animais, ou de lugares específicos, são comuns. Com o passar do tempo, o paciente vai passando a evitar determinada situação que lhe provoca pavor, por exemplo, altura. Passa a não mais frequentar prédios altos, não se aproxima de janelas, ao não resolver o conflito interno, a situação só se agrava, o medo agora está se expandindo, não se sentindo mais confortável ao simplesmente ver locais altos, por fim, ele pode acabar trancafiado dentro de casa, como busca da evitação do sentimento de medo, sendo que, o mesmo, está com ele em todo momento, em seu inconsciente. O medo domina o prazer. Diversas ideias passam em mente do fóbico, sempre imaginando que com ele ocorrerá algo trágico.