quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

A ausência do Ego



                                                                                    Imagem: Reprodução Internet

Para Freud, dentro da psicologia de massa estão presentes dois diferentes comportamentos a serem analisados: o eixo vertical – que compreende a relação entre hipnotizador (líder) e hipnotizado (seguidor) e o eixo horizontal – este esta relacionado ao vinculo amoroso que une o grupo – seja o amor perante o grupo ou em relação ao líder (neste amor, a dimensão sexual esta sublimada). Desta maneira, todos de um grupo estão ligados libidinalmente.

O que faz um grupo ser um grupo seria sua coesão, aquilo que faz com que eles permaneçam unidos, ou seja, seu objetivo em comum – a identificação de uns com os outros. Este objetivo em comum citado seria o (mesmo) objeto que por cada indivíduo foi introjetado e hoje esta ocupando o lugar do ideal do Ego – fazendo com que o grupo comande o indivíduo, ele perca parcial e, posteriormente (possivelmente) total independência. Processo este que acontece inconscientemente.

Como exemplo, pode-se citar os estudos de Gustav Le Bon, onde ele afirma que em massa, em grupos, o indivíduo passa a pensar e agir de uma maneira diferente da qual se estivesse isolado. Perante um grupo ao qual o indivíduo se identifica, ele sente-se forte, seguro para tomar determinadas atitudes, ali sabe que será apoiado. Enquanto, por outro lado, colocado em um grupo ao qual ele não se identifica, não há pertencimento, ele pensara por si só, sentindo-se acuado e medindo seus atos, pois teme consequências que o coloquem em perigo.

Um assunto muito abordado por Freud, por exemplo, as religiões. Muitas delas acabam limitam os grupos de seus seguidores, pó exemplo, excluindo do ciclo de amizades, ou, ate mesmo, familiar, aqueles que não pertencem e seguem o mesmo credo. Assim, as ideias acabam ficando limitadas aquelas apresentadas e aceitas por determinado grupo. Assim, cria-se o exemplo do hipnotizador e do hipnotizado. Onde há somente uma voz ativa, uma voz de ordem.

Os grupos aos quais o indivíduo esta inserido são os principais responsáveis pela formação do Superego – processo que inicia-se na infância e passa por remodelações por toda a vida. Desta maneira, com somente uma fonte de informações, o Superego torna-se vulnerável, por consequência o Ego, o qual passa a não mais existir, pois perdeu sua forca e utilidade, sendo assim, possível a introjeção de algo externo para que ocupe o lugar dele.

Na infância, a criança se identifica com as regras impostas pelos pais evitando o castigo, quando adulto, surgem as regras morais, sociais e religiosas para que controlem os comportamentos buscando manter uma estabilidade – controle – social. Para explicar melhor este processo, utiliza-se a teoria de totem e tabu, onde o tabu, após quebrado, torna-se mais forte, pois gera a culpa no indivíduo devido sua atitude em tocar, atingir, algo sagrado.

_ No fundo, toda religião é, igualmente, uma religião de amor por todos aqueles que ela engloba, e todas tendem a crueldade e a intolerância em relação aqueles que não pertencem a ela, Sigmund Freud.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Aprendendo a utilizar a energia libidinal do Ego



                                                                                                                                       Fonte: Imagem Internet

Diferentemente do que possa se pensar inicialmente, o prazer não está ligado a um aumento de excitação. O prazer é sim uma descarga de energia, ou seja, uma diminuição da excitação. O auge, o ápice, do prazer seria um acúmulo de energia, gerando excitação, inquietude, buscando, então, a calmaria e tranquilidade de libertar estes desejos.

Por exemplo, a relação sexual. Por mais prazerosa que ela como um todo seja, todo indivíduo – que não possua uma neurose ou perversão especifica – almeja o relaxamento proporcionado pelo orgasmo. Então, o prazer neurótico é algo criado pelo aparelho psíquico que não pode ser atingido em sua completude, no plano real, somente em seu mundo interior.

Assim, pode-se enxergar o principio do prazer que, em um indivíduo com devido funcionamento psíquico, será substituído em sua vida adulta pelo principio de realidade. O principio do prazer está relacionado ao momento infantil – seja na infância ou não. A busca pelo prazer sem medir consequência, sem passar pelo crivo de Ego e Superego. Já o principio da realidade, quando ativo e em pleno funcionamento, busca, também, o prazer, porem, de uma maneira mais contida e realista, pode não alcançar, em vista ao principio do prazer, um desejo tão intenso, porem, não será acometido pela culpa – gerada pelo Superego – após a realização e o alcance do prazer sem medidas.

É no período da infância que a criação conhece os prazeres e desprazeres. Por exemplo, durante a brincadeira com o carretel observada por Freud, o citado por ele como "fort da". A criança aprende que o brinquedo se vai, ao ser jogado, porem, ele volta. Ele descobre o poder que ele próprio possui de distanciar algo dele e, posteriormente, trazê-lo de volta. Bem como o prazer e o desprazer da presença da mãe ou cuidador. Há o prazer em tê-lo presente, logo seguido do desprazer em não possuí-lo todo o tempo e sim, quando lhe é possível. Esta brincadeira torna possível e reconhecível logo nos primeiros anos o tamanho prazer gerado pela volta do objeto amado, do objeto de desejo – a tal saudade, existente somente no vocabulário brasileiro, porem, citado nas demais línguas como o sentir falta.

A energia então, armazenada no Ego, está sempre focada em algo bom – direta ou indiretamente. Ao observar um comportamento, principalmente aqueles de repetição, o sujeito esta buscando algo que, em um determinado momento, lhe foi bom. Este comportamento pode demonstrar que o presente momento de vida não está agradável, pois está sendo buscado algo do passado para ser retomado.

Em clínica, o processo de resistência se intensifica quando o passado não gera algo prazeroso, pelo contrário, traz de volta a dor – já que é necessário recordar, repetir e elaborar eventos passados como se acontecessem no momento atual, para que então possa acontecer a devida elaboração, com o auxílio do terapeuta, ressignificando e curando esta ferida do passado, podendo olhar para ela como algo resolvido, por mais doloroso que tenha sido.

A análise busca identificar onde está alocada esta energia – libidinal – do paciente. Ela está, ate ser focada em um determinado objetivo, armazenada no Ego – então, toda a energia esta, inicialmente, ligada a libido, mesmo que posteriormente seja dessexualizada. Quando a energia esta então focada em um objetivo ela passou pelo processo de catexia. Cabe ao terapeuta, junto do paciente, descobrir, quebrando as repressões e recalques, qual prazer, qual finalidade esta energia esta buscando.

A energia catexizada em algo não pode ser utilizada em outra atividade, ela esta ali, presa, ate ser realocada, direcionada corretamente, ou então conseguir alcançar seu objetivo que eh a explosão de prazer que busca através daquele ponto desejado.

Além de buscar um direcionamento que não gere transtornos, neuroses e desprazeres, além de enfraquecimento do indivíduo, a analise busca manter esta energia estabilizada, o mais baixa possível, para que a excitação não tome conta do organismo, deixando ele exausto físico e mentalmente.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Hans e o Édipo



                                                                                                                                                    Imagem: reprodução Internet

Bem como Freud relatou o caso do pequeno Hans, relatando uma neurose infantil durante o período da infância, ele revela também o caso do Homem dos Lobos – uma neurose infantil, porem, que persistiu da infância ate a fase adulta. O rapaz recebeu tal titulo devido um sonho muito especifico que relatou a Freud – onde, quando criança, teve um sonho muito realístico onde em frente a janela de seu quarto, em uma arvore, estavam ali colocados seis ou sete lobos, com longas caudas, a observá-lo. O garoto acordou aos gritos e foi acolhido pelos pais.

Através da associação proposta pela psicanálise, os fatos são relatados sem uma necessidade especifica de cronologia, após eles serem compartilhados em clínica, podem ser reunidos, como uma espécie de quebra-cabeças onde as pecas vão, aos poucos, sendo encontradas e colocadas em seus devidos lugares.

Durante o período de análise, o jovem contou ao Dr. Freinfud fatos de sua infância que contribuíram para o encontro do real significado do sonho. Quando pequeno ele era molestado com frequência pela Irmã mais velha, ela, mais forte e mais firme, fazia com que ele permitisse que ela o tocasse e o obrigava a retribuir o toque em suas partes.

Revelou também que teve uma fase muito rebelde, perverso, onde vingou-se de sua irmã perseguindo e mutilando insetos – visto que ela adora bichos e a natureza. Entre varias revelações, surgiu uma de quando era bebe e seu berço estava colocado no quarto dos pais. Um dia o pequeno acordou e presenciou o coito entre os pais, na cena, a mãe estava colocada na posição de quatro apoios. O episódio ficou alojado no inconsciente e ao chegar a fase fálica do desenvolvimento psicossexual, passou a mostrar-se interessado em mulheres postas em posições semelhantes – como era o caso de empregadas domesticas ao lavarem o chão.

O garoto começou a sentir tal inquietação em seu corpo e a perceber seu membro ereto, ao toca-lo, em busca da descoberta, foi reprimido pela mãe. Um dos motivos que o fez retomar a fase anal, retentiva, e tornar-se a criança perversa e inquieta que foi.

O tal sonho então, que deu nome ao famoso caso, é um misto de todos estes elementos vivenciados pelo garoto em diversas idades e fases de sua infância. A figura dos lobos apareceu, pois a figura aparece em uma de suas histórias infantis prediletas. O olhar fixo deles, o observando, refere-se a repreensão da mãe, ao controle que sentia sobre ele. A posição ereta dos lobos dá-se perante a representação da mãe em relação ao pai. O pai aparece diretamente quando o jovem relata a cauda longa dos lobos, como representante do falo.

Ao permitir-se lembrar de todos estes fatos e reviver cada um deles, fez com que o conteúdo latente do sonho, ainda presente no inconsciente, e fosse revelado, tornando-se assim consciente e podendo receber um novo significado, curando assim a neurose e o mal que o acometiam naquele momento em que o jovem foi procurar a ajuda da psicanálise.