Imagem: Reprodução Internet
Freud viveu em uma época onde a mulher era sinônimo de inferioridade. Já
existiam figuras femininas que desafiavam este estereótipo, porém, ainda eram
minoria. A histeria, doença vista na época exclusivamente das mulheres, estava,
para os médicos, relacionada ao útero. Freud, através da hipnose e,
posteriormente, a psicanálise, curou mais de uma paciente acometida pelo mal.
Mais adiante, a psicanálise não mais trata a histeria como algo exclusivamente
feminino, existe também o histriônico – o homem histérico.
Apesar de ser muito criticado por não ter se aprofundado no Complexo de
Electra – a versão feminina do Complexo de Édipo – e, principalmente, por ter
seus escritos interpretados como “a mãe é a grande culpada”, Freud – talvez
pelo seu grande amor para com sua mãe – em relatos de seus casos clínicos, não
faz distinção entre gênero. O próprio médico, de uma maneira discreta, assumiu
que o universo feminino é muito mais complexo que o masculino, o que não faz
dele pior ou indigno. Para ele, "a grande questão continua sem
resposta e a qual eu mesmo não poderia jamais ser capaz de responder apesar dos
meus trinta anos de estudos sobre a alma feminina: O que quer uma mulher?"
Talvez a resposta possa ser dada assim como é dada
para o universo masculino, os desejos presentes dependem e se correlacionam com
experiências passadas. Vale ressaltar a questão da castração, onde o menino é
castrado pelo pai, já a menina, ao comparar seu corpo com o masculino, percebe
que já foi castrada. A mulher, então, carrega uma culpa, pois, ao se dar conta
da castração, ela já havia ocorrido, assim, busca uma resposta para algo que já
aconteceu. Enquanto, o homem, vivencia este momento.
Em outro momento, Freud retrata a constituição
familiar da época, porém, podemos perceber que atualmente ainda existe muito
forte esta cultura de família retrograda:
"O macho tinha
um motivo para manter ao seu lado a mulher ou de forma mais geral os objetos
sexuais; as fêmeas que não queriam se separar de suas crias deixando-as
descuidadas, suportavam assim, no interesse daquelas, ficar próximas ao macho,
o mais forte".
Ao longo deste trabalho sobre
violência doméstica, principalmente, pode-se perceber que muitas mulheres ainda
suportam todo tipo de violência por parte do parceiro – as vezes pai de seus
filhos, outras não – justificando ser o melhor para os filhos, ter uma família
composta por pai e mãe. Neste discurso feminino pode-se questionar vários
elementos.
O primeiro deles: realmente é saudável para as crianças viver em um
ambiente onde a atmosfera é carregada de ódio, raiva, dor? Segundo ponto: o
desejo de possuir uma família vista como completa e tradicional, é das crianças
ou da própria mãe – seja por ela ter crescido desta maneira ou desejando criar
algo diferente do que viveu? Terceiro aspecto: esta mulher, optando pela
coragem de libertar-se do parceiro, terá condições financeiras de sustentar
seus filhos dignamente?
Com foco neste último item, muitos homens violentos, justamente buscando
ter total controle da relação, não permitem que suas esposas estudem ou
trabalhem, assim, elas ficam reféns não somente do amor, mas do dinheiro.
Enfim, ao tentar reintegrar-se na sociedade, uma mulher sem estudo e sem
experiência, consegue um cargo com remuneração baixa e vê seus filhos –
normalmente mais de uma – sofrendo agora com a falta de bens materiais, entre
eles, o principal, o alimento.
Existe também a questão de que as mulheres, independentemente da função,
são menos remuneradas que homens. Neste ano de 2015 o assunto tomou grande
proporção após a cerimônia anual do Oscar – onde a atriz, uma das vencedoras do
prêmio, Patrícia Arquette, fez um discurso, não feminista, mas contra o
machismo. Nele, ela apontou que inclusive as maiores estrelas de Hollywood são
discriminadas. A revista americana Forbes – conhecida por divulgar valores
recebidos por grandes personalidades mundiais – divulgou em agosto que a
diferença entre o cachê do ator e da atriz mais bem pagos é cerca de 30 milhões
de dólares.
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