terça-feira, 27 de outubro de 2015

A figura da mulher a partir da psicanálise

                                                                                     Imagem: Reprodução Internet

Freud viveu em uma época onde a mulher era sinônimo de inferioridade. Já existiam figuras femininas que desafiavam este estereótipo, porém, ainda eram minoria. A histeria, doença vista na época exclusivamente das mulheres, estava, para os médicos, relacionada ao útero. Freud, através da hipnose e, posteriormente, a psicanálise, curou mais de uma paciente acometida pelo mal. Mais adiante, a psicanálise não mais trata a histeria como algo exclusivamente feminino, existe também o histriônico – o homem histérico.
Apesar de ser muito criticado por não ter se aprofundado no Complexo de Electra – a versão feminina do Complexo de Édipo – e, principalmente, por ter seus escritos interpretados como “a mãe é a grande culpada”, Freud – talvez pelo seu grande amor para com sua mãe – em relatos de seus casos clínicos, não faz distinção entre gênero. O próprio médico, de uma maneira discreta, assumiu que o universo feminino é muito mais complexo que o masculino, o que não faz dele pior ou indigno. Para ele, "a grande questão continua sem resposta e a qual eu mesmo não poderia jamais ser capaz de responder apesar dos meus trinta anos de estudos sobre a alma feminina: O que quer uma mulher?"
Talvez a resposta possa ser dada assim como é dada para o universo masculino, os desejos presentes dependem e se correlacionam com experiências passadas. Vale ressaltar a questão da castração, onde o menino é castrado pelo pai, já a menina, ao comparar seu corpo com o masculino, percebe que já foi castrada. A mulher, então, carrega uma culpa, pois, ao se dar conta da castração, ela já havia ocorrido, assim, busca uma resposta para algo que já aconteceu. Enquanto, o homem, vivencia este momento.
Em outro momento, Freud retrata a constituição familiar da época, porém, podemos perceber que atualmente ainda existe muito forte esta cultura de família retrograda:

"O macho tinha um motivo para manter ao seu lado a mulher ou de forma mais geral os objetos sexuais; as fêmeas que não queriam se separar de suas crias deixando-as descuidadas, suportavam assim, no interesse daquelas, ficar próximas ao macho, o mais forte".

     Ao longo deste trabalho sobre violência doméstica, principalmente, pode-se perceber que muitas mulheres ainda suportam todo tipo de violência por parte do parceiro – as vezes pai de seus filhos, outras não – justificando ser o melhor para os filhos, ter uma família composta por pai e mãe. Neste discurso feminino pode-se questionar vários elementos.
O primeiro deles: realmente é saudável para as crianças viver em um ambiente onde a atmosfera é carregada de ódio, raiva, dor? Segundo ponto: o desejo de possuir uma família vista como completa e tradicional, é das crianças ou da própria mãe – seja por ela ter crescido desta maneira ou desejando criar algo diferente do que viveu? Terceiro aspecto: esta mulher, optando pela coragem de libertar-se do parceiro, terá condições financeiras de sustentar seus filhos dignamente?
Com foco neste último item, muitos homens violentos, justamente buscando ter total controle da relação, não permitem que suas esposas estudem ou trabalhem, assim, elas ficam reféns não somente do amor, mas do dinheiro. Enfim, ao tentar reintegrar-se na sociedade, uma mulher sem estudo e sem experiência, consegue um cargo com remuneração baixa e vê seus filhos – normalmente mais de uma – sofrendo agora com a falta de bens materiais, entre eles, o principal, o alimento.

Existe também a questão de que as mulheres, independentemente da função, são menos remuneradas que homens. Neste ano de 2015 o assunto tomou grande proporção após a cerimônia anual do Oscar – onde a atriz, uma das vencedoras do prêmio, Patrícia Arquette, fez um discurso, não feminista, mas contra o machismo. Nele, ela apontou que inclusive as maiores estrelas de Hollywood são discriminadas. A revista americana Forbes – conhecida por divulgar valores recebidos por grandes personalidades mundiais – divulgou em agosto que a diferença entre o cachê do ator e da atriz mais bem pagos é cerca de 30 milhões de dólares.

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