quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A psicanálise como profissão



                                                                                                                                                    Imagem: reprodução Internet

Apesar de um médico, Freud, ser quem desenvolveu a teoria e os métodos da psicanálise ela não é considerada uma área da medicina, tão pouco, surgiu da psicologia, assim, não é, propriamente, uma abordagem da psicologia. Psicanálise é psicanálise, no máximo pode estar atrelada a hipnose – pois foi daí que Freud começou a perceber as mudanças de comportamento enquanto os pacientes estavam acordados (em estado consciente) e dormindo ou hipnotizado (estado inconsciente). Porem, da hipnose, pouco restou, apesar da associação livre ter sido chamada, inicialmente, de uma espécie de hipnose acordado.

Deixando claro e diferenciando a psicanálise de medicina – logo da psiquiatria – e da psicologia, compreende-se de que ela somente deve ser exercida por psicanalistas. Surge então a duvida sobre a formação psicanalítica. Que é diferentemente para profissionais mais voltados para a filosofia e docência e daqueles que buscam a clinica.

A clínica psicanalítica trabalha através do chamado PIC: pontuar, interpretar e confrontar. Além de toda a teoria e estudos da técnica, o profissional, o analista, necessita de toda uma vivencia de analise para que possa compreender os melhores momentos para exercer estes três passos primordiais da clinica. Para este conhecimento então esta proposto que o analista passasse pelo tripé da psicanálise: formação, análise pessoal e supervisão. Somente após estas três etapas vivenciadas é que o profissional pode sentir apto a clinicar.

Lembrando que a formação esta em constante construção e atualização, Freud mesmo deixou a porta aberta para suas teorias serem mais aprofundadas e atualizadas. A analise pessoal também não é necessária somente durante o processo de formação, mas, sim, quando o profissional como pessoa sentir necessário – seja por um problema que esta relacionado a sua profissão ou não. Enquanto a supervisão, é mais presente no início da carreira profissional, porém, quando necessário, é de extrema importância que exista um profissional que possa contribuir com um olhar novo para uma situação que parece não haver solução e que todos os caminhos parecem já terem sido esgotados.

É de tamanha importância a vivencia de analise pessoal para que o profissional possa estar no lugar do paciente e sentir o que pode acarretar um analise e a presença de um profissional – visando que o processo de transferência e contratransferência vivo em clinica é de tamanha importância para a continuidade da analise e o PIC, muitas vezes, mostrando ao profissional que esta no caminho certo e que, ali, encontrou a resistência.

A transferência ocorre quando o paciente esta próximo ao insight, próximo a situação que, provavelmente, o levou a analise e o causou angustia, neurose, processos histéricos. Ao alcançar este estagio, o paciente, mesmo que consciente e acordado, volta para o seu passado e revive aquele situação dolorosa que por muito tempo ele se esqueceu ou a ignorou. O sentimento então que é transferido ao profissional, sendo amor ou ódio, não é real para com sua pessoa, mas, sim, voltou a ser sentido devido a situação estar novamente sendo vivida. Nesta revivência acontece a ressignificação daquela figura ou situação dolorosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário