Os chistes podem ser explicados como uma espécie de válvula
de escape encontrada pelo inconsciente de realizar algum tipo de manifestação,
uma explosão. Estas manifestações acontecem normalmente em forma de sonhos e
atos falhos, ou seja, expressar um desejo em tom de brincadeira, dizer o que
realmente está querendo, porém, não ser direto, para assim, evitar o julgamento
e a negação/ privação de tal desejo.
O inconsciente do sujeito é subjetivo, cada sujeito é único e
não pode ser comparado ao outro, é necessário avaliar a história de vida
individual para que, por exemplo, possa analisar um sonho, outro tipo comum de
manifestação dos chistes. Dois sujeitos podem ter sonhos praticamente
idênticos, porém, para cada um, conforme sua vivência passada e atual, terá um
significado para ele.
Conforme já mencionado, o chiste ocorre devido a uma censura,
a um medo do sujeito ser “punido” ou privado de seu desejo. Mesmo assim, o
chiste pode acarretar uma reação positiva ou negativa, tanto por parte do
sujeito que o fez quanto dos sujeitos que o “receberam”. Ao fazer uma piada,
por exemplo, dizendo que não gosta de gays – e na verdade o sujeito está em
dúvida sobre sua sexualidade – ele pode arrancar risadas de seus colegas. O
chiste então, acaba sendo uma maneira de expressar seus desejos reais perante a
sociedade sem acarretar um julgamento, afinal, as palavras ditas não eram
sérias, assim, acaba sendo aceito socialmente e sente-se momentaneamente
aliviado interiormente, pois conseguiu externalizar, burlar o recalque em cima
de seu desejo mais íntimo, uma forma de autopreservação.
Assim, o chiste é para o outro, não é para me satisfazer, mas
sim, atrair o outro, necessita de sua interpreteção. O humor, que faz parte do
chiste, é um dos regentes do ser humano, juntamente com o afeto (afeto pode ser
considerado aquilo que afeta o indivíduo). E o humor, faz parte do narcisismo.
Ao fazer um chiste, uma piadinha, o indivíduo busca a atenção do outro para que
lhe prestigie. O humor traz a discussão do que o indivíduo busca nesta hora, o
humor infantil e puro e, ao mesmo tempo, algum tipo de gratificação sexual
recalcada.
Aqui pode-se surgir os conflitos internos, pois o sujeito
acredita estar aliviado por ter falado o que realmente pensa, porém, em seu
inconsciente, sabe que ainda há a ação da censura, devido o tom ao qual
utilizou para tratar do assunto. O chiste serve para tirar as tais máscaras que
os indivíduos utilizam para se proteger de si mesmos e da sociedade.
Os chistes, atos falhos e sonhos então conseguem burlar a
censura, passam entre a forte barreira armada entre o consciente e o
inconsciente. O chiste serve então para produzir algum tipo de prazer ao
sujeito, enquanto os sonhos expressam os reais desejos. Lembrando que os sonhos
são compostos de conteúdo latente e manifesto que se condensam e formam imagens
menos doloridas para que possamos lembrar e burlar o recalque. Já os sonhos
ruins, os chamados pesadelos, são avisos de que determinado assunto deve ser
resolvido com urgência, como prioridade.
Os chistes, utilizados com cuidado, podem entrar para a
clínica e fazer parte do discurso do psicanalista para com seu paciente/
cliente.
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