terça-feira, 1 de abril de 2014

O método psicanalítico



Freud desenvolveu com seus pacientes, após o método catártico e a hipnose, a livre associação, que é a fala sem censura. O próprio ato do indivíduo ao falar sobre tal fato que permeia por seu inconsciente, já alivia sua dor, tornando-a externa e consciente. Neste processo, o trabalho do psicanalista é pontuar, interpretar e confrontar (PIC), este último, somente se necessário. O terapeuta é visto como um sujeito suposto saber pelo indivíduo, o que o coloca em uma posição “superior”, abrindo espaço para que ocorra a transferência, seja ela positiva, negativa ou erótica. Caso o analista quebrar esta barreira e aproximar-se do paciente, tornando-se uma espécie de amigo, este pode perder seu lugar de sujeito suposto saber e acabar prejudicando no resultado da terapia.

A psicanálise, sempre se mostrando possível a mudança, desde as alterações e “correções” feitas por seu criador, era conhecida por seus “métodos” no período Freud, após este, ela passou a contar com “técnicas”. Como já citado, o método catártico buscava fazer com que o indivíduo revive um fato, já a hipnose tentava resigná-lo. Com a primeira obra, a interpretação dos sonhos, Freud buscou os conteúdos latentes do inconsciente – os símbolos conscientes - que se misturavam aos restos diurnos e o conteúdo manifesto - aquilo que o indivíduo se recorda - e deles buscava fazer uma análise, tentando encontrar a causa de determinada queixa recebida do paciente.

Para quem conhece o famoso caso de Anna O., pode-se explicar dois outros métodos utilizados pelo médico com exemplos: a análise das transferências e dos atos falhos – atitudes que expressam o real desejo. Dr Breuer sentiu-se na obrigação de optar por continuar atendendo sua paciente ou salvar seu casamento, devido às diversas investidas devido a forte transferência que sua paciente externalizou, por um complexo de Édipo invertido ignorado e mal resolvido na infância.

Um ato falho muito comum, os lapsos da fala, torna-se nítido quando a paciente chama ela mesma de “prostituta” e em seguida se corrige, deixando “escapar” uma expressão presa em seu inconsciente. Mesmo falando em voz alta, ela não se permite ter este conceito, esta é a deixa para o terapeuta investigar tal falha, tal alarme recebido.

Muitas vezes é necessário resignificar um fato. No caso da paciente de Breuer e Freud, ela precisava ter controle sobre seu estado histérico, voltar à infância para “resolver” sua relação com o pai. Ela estava em busca de um crescimento mental, pois não há cura da neurose em si.

Aqui cabe uma fala de Lacan, não para encerrar, mas para reforçar a energia que envolve a psicanálise, o histórico individual de terapeuta e paciente: “Aquilo que me falta é aquilo que me move”. O indivíduo está em busca constante, seja por conhecimento, resolução, prazer, desejo e uma infinita lista que cada indivíduo cria a sua, mesmo em seu inconsciente, movido pelo Id.




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