Freud desenvolveu com seus
pacientes, após o método catártico e a hipnose, a livre associação, que é a
fala sem censura. O próprio ato do indivíduo ao falar sobre tal fato que
permeia por seu inconsciente, já alivia sua dor, tornando-a externa e
consciente. Neste processo, o trabalho do psicanalista é pontuar, interpretar e
confrontar (PIC), este último, somente se necessário. O terapeuta é visto como
um sujeito suposto saber pelo indivíduo, o que o coloca em uma posição
“superior”, abrindo espaço para que ocorra a transferência, seja ela positiva,
negativa ou erótica. Caso o analista quebrar esta barreira e aproximar-se do
paciente, tornando-se uma espécie de amigo, este pode perder seu lugar de
sujeito suposto saber e acabar prejudicando no resultado da terapia.
A psicanálise, sempre se
mostrando possível a mudança, desde as alterações e “correções” feitas por seu
criador, era conhecida por seus “métodos” no período Freud, após este, ela
passou a contar com “técnicas”. Como já citado, o método catártico buscava
fazer com que o indivíduo revive um fato, já a hipnose tentava resigná-lo. Com
a primeira obra, a interpretação dos sonhos, Freud buscou os conteúdos latentes
do inconsciente – os símbolos conscientes - que se misturavam aos restos
diurnos e o conteúdo manifesto - aquilo que o indivíduo se recorda - e deles
buscava fazer uma análise, tentando encontrar a causa de determinada queixa
recebida do paciente.
Para quem conhece o famoso caso
de Anna O., pode-se explicar dois outros métodos utilizados pelo médico com
exemplos: a análise das transferências e dos atos falhos – atitudes que
expressam o real desejo. Dr Breuer sentiu-se na obrigação de optar por
continuar atendendo sua paciente ou salvar seu casamento, devido às diversas
investidas devido a forte transferência que sua paciente externalizou, por um
complexo de Édipo invertido ignorado e mal resolvido na infância.
Um ato falho muito comum, os
lapsos da fala, torna-se nítido quando a paciente chama ela mesma de
“prostituta” e em seguida se corrige, deixando “escapar” uma expressão presa em
seu inconsciente. Mesmo falando em voz alta, ela não se permite ter este
conceito, esta é a deixa para o terapeuta investigar tal falha, tal alarme
recebido.
Muitas vezes é necessário
resignificar um fato. No caso da paciente de Breuer e Freud, ela precisava ter
controle sobre seu estado histérico, voltar à infância para “resolver” sua
relação com o pai. Ela estava em busca de um crescimento mental, pois não há
cura da neurose em si.
Aqui cabe uma fala de Lacan, não
para encerrar, mas para reforçar a energia que envolve a psicanálise, o
histórico individual de terapeuta e paciente: “Aquilo que me falta é aquilo que
me move”. O indivíduo está em busca constante, seja por conhecimento,
resolução, prazer, desejo e uma infinita lista que cada indivíduo cria a sua,
mesmo em seu inconsciente, movido pelo Id.
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