Imagem: Internet
Freud dizia que a interpretação do artista antecede a
psicanálise. Para ele, o artista interpreta emoções, dele e do outro. Hitler,
por exemplo, todos os seus quadros pintados tinham como cor predominante o
vermelho, laranja e amarelo. Sua personalidade psicótica, seus delírios
histéricos e imaginativos, estava expressa em sua arte. Há também os delírios
neuróticos, causados e expressos através de angústia, depressão e tentativas de
suicídio.
Os delírios são estruturados através do encontro, da invenção
do objeto e finalmente do encontro do objeto com o grande outro, este que seria
a mãe. O desejo de transformar um objeto em seu, retirar o que há de ruim nele
e fantasiar que ele é inteiramente do jeito com o qual gostaria que fosse, este
seria o princípio da histeria masculina.
Em contra partida dos delírios, os devaneios, também muito
comuns expressos em arte, são saudáveis, pois neste período, o sujeito consegue
distinguir o real da fantasia.
O desejo de ter o outro não e faz ir buscá-lo, mas sim
trazê-lo para mim, satisfazer o desejo egoísta que permanece desde a infância e
se tornou, na fase adulta, o narcisismo. Tornar o outro minha propriedade, o
ciúme, para Lacan, é a inveja que possuo do outro. Seria esta uma inveja do que
o outro é, do que causa nos demais, ou inveja do outro que pode ter este objeto
que quero para mim?
Me sinto incompleto, assim, busco algo ou alguém que preencha
o vazio que somente eu mesmo poderei preencher ou aceitar que este “buraco”
sempre permanecerá aberto, ou então, será substituído por outro. Esta busca
pelo outro, pela falta, pode ser eterna porque o outro não quis, assim, o outro
torna-se um desalmado e eu uma vítima. O gozo de privação, o chamado
“coitadinho”, que acaba recebendo atenção, pois passou por algo difícil.
Este mal pode acabar sendo recorrente, pois o indivíduo tende
a receber atenção toda vez que lhe acontece ou que ele mesmo lhe cause, algo
primeiramente ruim. Mias tarde, ao partilhar a histeria, acaba recebendo parte
do que gostaria, atenção, então, tende a repetir o comportamento que
primeiramente ao olhar, parece não ter dado certo. Mascarar a realidade por
medo de enfrentar o próprio erro causa este ganho momentâneo, que em breve
precisa ser reforçado para que aconteça uma continuidade.
A histeria nega a felicidade do outro e faz com que sejam
criadas fantasias, neuroses, para se esconder, ocultar uma forma de angústia.
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