terça-feira, 15 de abril de 2014

Arqueologia da mente: Gradiva de Jensen



                                                                                  Imagem: Internet
 
Freud dizia que a interpretação do artista antecede a psicanálise. Para ele, o artista interpreta emoções, dele e do outro. Hitler, por exemplo, todos os seus quadros pintados tinham como cor predominante o vermelho, laranja e amarelo. Sua personalidade psicótica, seus delírios histéricos e imaginativos, estava expressa em sua arte. Há também os delírios neuróticos, causados e expressos através de angústia, depressão e tentativas de suicídio.
Os delírios são estruturados através do encontro, da invenção do objeto e finalmente do encontro do objeto com o grande outro, este que seria a mãe. O desejo de transformar um objeto em seu, retirar o que há de ruim nele e fantasiar que ele é inteiramente do jeito com o qual gostaria que fosse, este seria o princípio da histeria masculina.


Em contra partida dos delírios, os devaneios, também muito comuns expressos em arte, são saudáveis, pois neste período, o sujeito consegue distinguir o real da fantasia.
O desejo de ter o outro não e faz ir buscá-lo, mas sim trazê-lo para mim, satisfazer o desejo egoísta que permanece desde a infância e se tornou, na fase adulta, o narcisismo. Tornar o outro minha propriedade, o ciúme, para Lacan, é a inveja que possuo do outro. Seria esta uma inveja do que o outro é, do que causa nos demais, ou inveja do outro que pode ter este objeto que quero para mim?
Me sinto incompleto, assim, busco algo ou alguém que preencha o vazio que somente eu mesmo poderei preencher ou aceitar que este “buraco” sempre permanecerá aberto, ou então, será substituído por outro. Esta busca pelo outro, pela falta, pode ser eterna porque o outro não quis, assim, o outro torna-se um desalmado e eu uma vítima. O gozo de privação, o chamado “coitadinho”, que acaba recebendo atenção, pois passou por algo difícil.
Este mal pode acabar sendo recorrente, pois o indivíduo tende a receber atenção toda vez que lhe acontece ou que ele mesmo lhe cause, algo primeiramente ruim. Mias tarde, ao partilhar a histeria, acaba recebendo parte do que gostaria, atenção, então, tende a repetir o comportamento que primeiramente ao olhar, parece não ter dado certo. Mascarar a realidade por medo de enfrentar o próprio erro causa este ganho momentâneo, que em breve precisa ser reforçado para que aconteça uma continuidade.
A histeria nega a felicidade do outro e faz com que sejam criadas fantasias, neuroses, para se esconder, ocultar uma forma de angústia.

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