O filme “Freud, Além da Alma” (de 1962) retrata as dificuldades encontradas pelo médico, inclusive os pré-conceitos internos, enquanto buscava aprofundar-se nos mistérios da mente humana. Ao definir que o homem é regido por seu inconsciente, Freud é comparado a Darwin, devido tamanha descoberta – assim como o homem veio do animal (macaco). O inconsciente então passa a ser visto como o lugar mais escuro da mente humana.
Ao conhecer casos de histeria,
confrontou sua atual interpretação, como um fingimento, algo sem terapia. Foi
neste momento em que sentiu a necessidade de abandonar tudo que conhecia e
havia construído até o momento, com muito esforço de seus pais, e foi em busca
de mais conhecimentos com Charcot – aí teve conhecimento sobre a prática da
hipnose.
Para quem quer assistir, o filme está disponível, com legendas em português, no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=UH9F4wTgt2M
Ao aprofundar o contato com a
hipnose proposta de Charcot, viu que pensamentos são construídos mesmo enquanto
o indivíduo está dormindo. Após o despertar, percebe-se a perda de memória, o
paciente não recorda do que falou ou de seus atos motores, volta a ter sua
patologia, que durante a hipnose, havia sido curada. Durante este processo é
percebido o poder da palavra, da confiança durante a hipnose.
Com esta experiência de aceitar
comando enquanto está “dormindo”, Freud conclui que os pensamentos estão num
âmbito não consciente. Ao apresentar estas teorias, conhece Dr. Breuer,
praticamente o único presente que não achou Freud um louco. Os dois passam a
manter contato e após novas sessões de hipnose têm novas descobertas, assim
como o fato de reviver o incidente faz o sintoma sumir. Observam também que o
trauma não divide a mente, mas manda o fato para o inconsciente. É reconhecido
também que a emoção é descarregada por uma ação física.
Após todas estas descobertas,
decidiu levar a prática até o hospital, confrontando seu professor, sendo
assim, obrigado a se afastar do cargo. Não desistiu da hipnose, muito pelo
contrário, levou ela ainda mais a sério, em busca de provas concretas de que
poderia curar casos de histeria através dela. Seu número de pacientes e casos
avaliados foi aumentando, assim como suas descobertas. Uma das mais importantes
foi o fato de observar que existe uma barreira entre consciente e inconsciente
que “filtra” informações.
Neste caminho, depara-se com o
caso de um jovem que sente-se ameaçado pelo pai, que acredita que o pai é um
monstro por ter estuprado uma menina. Durante a hipnose, o garoto relata em
detalhes e Freud observa que, para o jovem, o estupro é na verdade a relação
com a mãe. É dada aí a largada a grande polêmica do “Complexo de Édipo”. O fato
é tão novo, que até Freud se surpreende, e ao despertar o paciente, não deixa
com que ele lembre de nada e não o atende mais, fica atordoado com o caso.
O acontecido vai parar nos sonhos
de Freud, o que faz com que se coloque no lugar do garoto e busque, em seu
inconsciente, numa autoanálise, o porquê de seu “pavor” pelo caso. Descobrindo
que, no passado, sofreu do mesmo complexo, desejando sua mãe. Ao relatar o caso
estudado a Breuer, é repreendido, incentivado a ignorar a patologia descoberta.
Após grande resistência, e sua
descoberta interior, Freud procura novamente o garoto para tentar ajudá-lo a
resolver seu complexo. Descobre então que este foi internado num manicômio e lá
acabou falecendo, recebendo assim, em sua frustração por não ter feito nada
para evitar o trágico fato, estímulo para dar continuidade a teoria e a
apresentá-la ao grande público.
Com o “Complexo de Édipo”,
encontrou a sexualidade e defendeu sua liberdade de expressão. Recorreu à
paciente Breuer, Cecília, em busca de provas para a teoria. Após hipnotizá-la
novamente, descobriu que sua patologia, o fato de não enxergar, deu-se por não
querer ver o fato de seu pai ter morrido num bordel. Seu inconsciente transformou
a estrutura do local num hospital para que ela não esquecesse do fato, mas não
o compreendesse da maneira como aconteceu. Após esta hipnose, Cecília volta a
enxergar.
A paciente então passa a ser de
Freud, pois Breuer resolve abandoná-la para preservar seu casamento, já que o
amor pelo pai foi transferido ao doutor. Uma nova patologia física
desenvolve-se na paciente. Após a ausência de Breuer, ela passa a acreditar que
está grávida e a apresentar os sintomas de parto.
Freud também passa por
dificuldades em sua vida pessoal, a morte do pai e os questionamentos de sua
esposa sobre seus métodos com seus pacientes. Isso faz com que desencadeie mais
sonhos nele, fazendo-o questionar seus significados, tratando-os como ideias
que escapam da repressão.
Leva até Cecília mais uma nova
descoberta, a interpretação dos sonhos. Por resistência da paciente, ele não
consegue hipnotizá-la, mas tem neste momento a grande descoberta da associação
livre, onde mesmo em estado consciente, ela consegue relatar fatos antes esquecidos
por ela. Descobre então que sua relação com seu pai envolve um estupro, não
aceita a descoberta, sentindo-se culpada pelo ato. Ao tentar buscar uma
resolução para o caso, Freud se aproxima da mãe de Cecília e descobre que ela
era dançarina de cabaré e desejou a morte do feto.
Freud encontra uma semelhança
entre ele e Cecília, acredita que seu pai estuprou a irmã, onde na verdade,
aceita que ele deseja sua mãe. Após mais uma vez ser desencorajado por Breuer a
dar continuidade a teoria da sexualidade, encontra apoio em sua esposa, que ao
ver seu esforço nas novas descobertas, o incentiva a seguir seu caminho. Assim,
apresenta sua teoria em público e mais uma vez é taxado de louco, inclusive por
Breuer, que diz nunca ter acreditado nela.
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