terça-feira, 22 de setembro de 2015

Os três principais passos da análise

                  Imagem: Reprodução Internet

Freud, após formar-se em medicina e fascinar-se pela hipnose, deu início ao que hoje chamamos de psicanálise. O médico não pretendia criar algo novo, foram as circunstancias dos atendimentos clínicos que fazia que o obrigaram a desenvolver técnicas novas – já que seu objetivo era realmente ajudar e curar aqueles pacientes que o procuravam.

A teoria de Freud deu-se a partir das observações clinicas e através de seus escritos clínicos – ele possuía um vasto arquivo de anotações que fazia durante as consultas. Após elas, reunindo as informações já obtidas e as novas, formulava-se uma teia, onde uma informação complementava a outra. Os relatos são feitos a partir da sensibilidade do profissional e conhecimento do paciente – com o passar das sessões, o analista já tem uma certa base do caso e já compreende quais os dizeres contribuirão para o insight – deixando claro que todo o material de escuta é, de alguma maneira, utilizado, tanto para o profissional quanto para o analisando.

Diferentemente de muitos tratamentos, a queixa inicial, a doença, não é o foco da psicanálise e sim o indivíduo. A psicanalise busca a origem do problema, os motivos pelos quais ele sofre por determinada situação ou o porquê foi acometido por tal doença. Estes escritos em conjunto dão origem a metapsicologia do analisando.

Um estudo de caso, a partir dos escritos em análise consiste em três momentos: foco na doença – queixas e sintomas, descrição da história – a partir da relação entre analista/ paciente (transferência) e, por fim, a construção teórica – onde une-se aos primeiros dois passos a interpretação por parte do profissional.

Nas anotações do analista estão, além da fala do paciente, a não fala, como esquecimentos, momentos de silêncio, choro, alterações no tom de voz, chistes e reações corporais. Partindo do princípio de que a fala precisa burlar a barreira do recalque para que consiga relatar um determinado assunto em detalhes, o corpo consegue transparecer, de uma maneira, que, naquele momento, determinada situação está sendo desagradável, pois está gerando desconforto e dor ao tentar relatar, recordar, algum fato.

Sobre a transferência, ela costuma ocorrer no segundo momento da análise, onde a queixa foi, de alguma forma, externalizada, trazida para o consciente, e o paciente passa a reviver seu passado, seu sofrimento, porém, ainda de maneira não tão clara, assim, tende a transferir os sentimentos passados para o analista – podendo acreditar amá-lo ou odiá-lo. Uma análise bem conduzida necessita da transferência e também da contra-transferência, onde o profissional conduz a relação e consegue trazer o paciente ao insight, fazendo com que o sentimento seja direcionado ao real causador dele.


Após o insight, em seu último momento, a análise busca ressignificar o fator gerador da doença ou da dor. Agora consciente, o analista pode manter um diálogo aberto, maduro, onde o sofrimento está sendo experienciado de uma maneira diferente, pois, agora, o indivíduo não se encontra mais só, está acompanhado e seguro junto da figura do analista – daí a contra-transferência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário