Imagem: Reprodução Internet
Freud, após formar-se em medicina e fascinar-se pela hipnose, deu início
ao que hoje chamamos de psicanálise. O médico não pretendia criar algo novo,
foram as circunstancias dos atendimentos clínicos que fazia que o obrigaram a
desenvolver técnicas novas – já que seu objetivo era realmente ajudar e curar
aqueles pacientes que o procuravam.
A teoria de Freud deu-se a partir das observações clinicas e através de
seus escritos clínicos – ele possuía um vasto arquivo de anotações que fazia
durante as consultas. Após elas, reunindo as informações já obtidas e as novas,
formulava-se uma teia, onde uma informação complementava a outra. Os relatos
são feitos a partir da sensibilidade do profissional e conhecimento do paciente
– com o passar das sessões, o analista já tem uma certa base do caso e já compreende
quais os dizeres contribuirão para o insight – deixando claro que todo o
material de escuta é, de alguma maneira, utilizado, tanto para o profissional
quanto para o analisando.
Diferentemente de muitos tratamentos, a queixa inicial, a doença, não é
o foco da psicanálise e sim o indivíduo. A psicanalise busca a origem do
problema, os motivos pelos quais ele sofre por determinada situação ou o porquê
foi acometido por tal doença. Estes escritos em conjunto dão origem a
metapsicologia do analisando.
Um estudo de caso, a partir dos escritos em análise consiste em três momentos:
foco na doença – queixas e sintomas, descrição da história – a partir da
relação entre analista/ paciente (transferência) e, por fim, a construção
teórica – onde une-se aos primeiros dois passos a interpretação por parte do
profissional.
Nas anotações do analista estão, além da fala do paciente, a não fala,
como esquecimentos, momentos de silêncio, choro, alterações no tom de voz,
chistes e reações corporais. Partindo do princípio de que a fala precisa burlar
a barreira do recalque para que consiga relatar um determinado assunto em
detalhes, o corpo consegue transparecer, de uma maneira, que, naquele momento,
determinada situação está sendo desagradável, pois está gerando desconforto e
dor ao tentar relatar, recordar, algum fato.
Sobre a transferência, ela costuma ocorrer no segundo momento da
análise, onde a queixa foi, de alguma forma, externalizada, trazida para o
consciente, e o paciente passa a reviver seu passado, seu sofrimento, porém,
ainda de maneira não tão clara, assim, tende a transferir os sentimentos
passados para o analista – podendo acreditar amá-lo ou odiá-lo. Uma análise bem
conduzida necessita da transferência e também da contra-transferência, onde o
profissional conduz a relação e consegue trazer o paciente ao insight, fazendo
com que o sentimento seja direcionado ao real causador dele.
Após o insight, em seu último momento, a análise busca ressignificar o
fator gerador da doença ou da dor. Agora consciente, o analista pode manter um
diálogo aberto, maduro, onde o sofrimento está sendo experienciado de uma
maneira diferente, pois, agora, o indivíduo não se encontra mais só, está
acompanhado e seguro junto da figura do analista – daí a contra-transferência.
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