terça-feira, 8 de setembro de 2015

O assassinato do Ego


                                           Imagem: Reprodução Internet

Uma das principais razões motivadoras para o suicídio é a depressão. Ela atinge diretamente o Ego do indivíduo, fazendo com que ele se anulo, tornando-se, assim, o principal culpado por todo o estado psicológico e físico do depressivo. Encontrando-se nesta situação, a única saída, é aniquilá-lo, ou seja, o suicídio. Esta é vista por muitos como a única saída para acabar com a dor, o sofrimento, o luto, a melancolia, que o acomete e, a partir da inutilização do Ego, ele passa ver a si próprio como o culpado.

O luto e a melancolia podem ser produtores de fatores depressivos que, podem ou não, acarretar uma depressão. O luto, apesar de ser popularmente utilizado quando há a morte de um ente querido, na psicanálise, seu significado vai além. O luto refere-se a morte, ao fim, seja de uma pessoa, ou uma relação devido um afastamento, uma situação de bem-estar que não pode mais ocorrer. O indivíduo precisa aprender a lidar com esta perda, é necessário viver este período de readaptação a falta e, posteriormente, substituir de modo saudável este “objeto” conscientemente.

Em muitos casos, o período de luto não é respeitado, não há a superação da fase da aceitação, então, a situação é ignorada, como se não existisse. Desta forma, a falta é sublimada, sua energia libidinal passa a ser deslocada para outro objeto e o prazer, de forma consciente, volta a existir. Porém, este processo costuma ser útil por um período, logo tende a iniciar as neuroses perante o objeto substituto, principalmente, e pode aparecer a culpa pelo objeto perdido – tanto por não ter sido capaz de mantê-lo vivo, quanto a incapacidade de aceita-lo morto.

Para Dukheim, o suicídio é um fator social. Sua visão reforça parte da teoria de Freud, onde, em o Mal-estar na sociedade, o pai da psicanálise deixa claro que o indivíduo sofre, durante toda sua vida, influencias externas e as introjeta conforme sua interpretação – que também está em constante crescimento e mutação, a partir destas novas experiências e conhecimentos que vai adquirindo. Assim, estando vivendo em uma sociedade onde a morte através de suicídio é vista como um pecado contra Deus, este sentimento pode fazer com que seu medo aumento e, seja ainda propício o suicídio, pois, estou tendo estas ideias, estes pensamentos e desejos, já sou pecador, estou cometendo mais um erro, então, preciso colocar um fim a esta sequência de erros.

Bem como o luto daqueles que cercam o suicida será vivido de uma maneira diferente, velada, onde não se pode ter pena de um pecador e, paralelo a isso, há a cobrança em amar o próximo, principalmente se este for de seu sangue. Mais uma vez, de uma maneira simbólica e “discreta”, a religião está ligada a psicanálise, ao sofrimento.

Enfim, assim como muitos transtornos psíquicos podem ser evitados e, se não, tratados, o suicídio pode ser evitado. O indivíduo que está sofrendo sofre diversas alterações de comportamento – seja demonstrando sua depressão ou a escondendo e somente apresentando uma felicidade extrema. Cabe aqueles que o cercam observar com um olhar único e sensível. Seguindo com a citação da religião, um olhar de amor ao próximo, mas não segmentando uma única religião, e, sim, a base – que na maioria das vezes é invertida – o amor, sem olhar a quem, sem julgamentos ou preconceitos. O depressivo dificilmente aceita seu estado, por isso necessita de ajuda – tanto psicológica quanto medicamentosa. Em muitos casos, somete a utilização de um deles não é suficiente para a cura.



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