terça-feira, 15 de setembro de 2015

O Ego e o poder do Outro

                                           Imagem: Reprodução Internet

A palavra Ego, no senso comum, é normalmente aplicada quando se faz referência ao mais íntimo de um indivíduo. Na psicanálise é semelhante, porém, muito mais complexo. O Ego trabalha juntamente com o Id e o Superego. É dele a tarefa de mediar os desejos e proibições. Enquanto o Id nasce com o indivíduo e representa seus desejos, o Ego e o Superego – este segundo, principalmente – são constantemente transformados a partir das experiências sofridas pelo indivíduo.

O Ego inicia sua formação, e sua parte mais importante – sua base – logo na infância, por isso a fase necessita de tamanha atenção. Atenção não é sinônimo de superproteção e excesso de amor. Desde a infância o indivíduo, no caso, a criança, precisa vivenciar diversos tipos de experiências, sejam elas prazerosas e desprazerosas. Algumas são da natureza humana, como, por exemplo – a partir de Melanie Klein, a descoberta de que ela e sua mãe não são um único ser e o ato de alimentar-se, que, apesar da ajuda de um outro, a atividade depende do próprio indivíduo que busca saciar sua fome.

Muitos pais e cuidadores buscam evitar a frustração nas crianças, porém, estas tendem a crescer adultos infantis, afinal, somente na fase seguinte, a adulta, estarão sujeitos a experiências que lhes foram privadas na infância, assim, ele tende a manter uma visão infantil dos ocorridos, afinal, são algo novo para ele.

A partir da formação do Ego, o indivíduo passa a considerar-se um indivíduo real, separado dos demais integrantes de sua família. Para este processo, é necessária muita atenção durante o momento de castração – complexo de Édipo – independente do filho homem ou mulher. Ambos devem estar cientes do papel o qual cada um representa na instituição familiar.

Perante as novas formulações de família, há certas diferenças, porém, estes papeis sempre existem. No caso, o pai é a figura castradora, aquele que faz o rompimento da criança com a mãe, aquele que se coloca entre a relação dos dois. Não, necessariamente, a figura do pai precisa ser um homem, nem, tão pouco, a figura da mãe precisa ser a genitora. Apenas, naquela estrutura familiar, os presentes necessitam assumir determinados papeis.

A ausência de Ego ou um Ego frágil, pode tornar um indivíduo psicótico ou neurótico. Ao não ter sofrido esta ruptura da castração, ele não é inserido na realidade, assim, acredita que tudo pode, não tendo desenvolvido sua capacidade de aceitação a normas externas. Bem como, o Ego frágil torna-se suscetível a interiorizar um Ego externo, aceitando, facilmente, ter sua subjetividade ignorada e passar a acreditar no Outro.


Freud aborda a figura do Outro, neste caso, como aqueles sujeitos que se destacam em grandes massas através de seus discursos – seja ele político ou religioso, por exemplo. Enquanto os seguidores, aqueles que acreditam em dizeres milagrosos sem nenhum fundamento ou aplicação a realidade na qual está sendo pregado, são aqueles que possuem um Ego frágil, incapaz de acreditar e confiar em suas próprias escolhas, necessitando de um ditador externo para ordenar suas atitudes e posicionamentos.

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