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Apesar de hoje existir várias
correntes psicanalíticas – inclusive uma delas intitulada de Lacaniana – Lacan,
ao entrar no mundo da psicanálise, propôs uma retorno à Freud. Assim como o pai
da psicanálise havia dito, suas teorias não estavam fechadas, a psicanálise,
assim como o indivíduo, está em constante mutação – a partir dos conhecimentos
e experiências novas. Assim, Lacan, pode-se dizer, que aprofundou determinados
termos psicanalíticos, não os modificou.
Assim como Freud, Lacan se formou em
medicina. Suas principais contribuições para a psicanálise – apoiado da
linguística de Saussure e na antropologia de Strauss - são os conceitos sobre
sujeito, imaginário, simbólico, real e significante.
No setting de análise, Lacan propõe
algo diferente, ele apresente a necessidade de um analista mais falante, um
profissional que pontue a fala do paciente, mesmo que ela pareça, inicialmente,
vazia. Esta interferência dará início ao sentido do discurso, através da
linguagem de ambas as partes. Lacan também traz de Freud a resistência durante
a análise, ela surge quando está para ser revelado o conteúdo recalcado para o
inconsciente, daí surge a transferência, onde o paciente busca manipular –
através do amor ou do ódio – o andamento da análise e as pontuações e
inferências o analista.
Ao atingir o inconsciente, em Lacan,
a função simbólica, está liberto o canal para os dilemas passados, como o
Complexo de Édipo – é através dele que a criança compreende seu papel,
desvincula-se dos pais e passa a compreender-se como um indivíduo a parte,
inserido em um meio, porém, como uma unidade. Este processo semelhante ocorre na
análise, onde a contra-transferência faz com que a transferência seja rompida e
o paciente volta-se ao seu papel e ao setting, não mais em sua fantasia ou
vivência passada, nem em seu desejo “consciente” proposto pela resistência/
transferência.
Para Lacan, o objetivo da análise é
dispensar o sujeito da necessidade de explicar-se, que sustenta sua fantasia.
Um pensamento semelhante ao de Freud, já que ambos, mesmo que utilizando
linguagens diferenciadas, pode-se compreender – a partir, também, da linguagem e
interpretação de quem s lê – buscam a liberdade do sujeito, não somente ele
mesmo, mas também, perante a sociedade – uma espécie de sociedade livre.
Reforçando a diferença entre
liberdade e libertinagem – visto Sartre. Um sujeito livre, com suas faculdades
mentais aptas a fazer escolhas propostas pela psicanálise – se não atingirei o
outro com minha ação e ela não me afetará de maneira dolorida, posso realizar
determinada ação.
O Superego externo criado na época
das cavernas só vem se aprimorando – passou pela Igreja, pela política e hoje,
pode-se dizer, que está no poder. Fala-se aqui do poder da palavra, mais uma
vez enfocando a linguagem. O poder de interpretação interna e de a força que
possui uma externalização de palavras, ou de atitudes vistas como de coragem,
seja para fortalecer ou enfraquecer uma massa ou um único indivíduo.
Os dizeres de Lacan foram utilizados
para separar uma massa de psicanalistas, curiosamente, aqueles que vieram de
Freud – um revolucionário e lutador pela liberdade interna do sujeito –
condenaram Lacan por agir da mesma forma, buscar a liberdade de seus estudos,
seus pensamentos e ensinamentos.