segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Neurose de angústia



                                                                                                                            Imagem: reprodução Internet

A neurose obsessiva pode trazer diversos sintomas para o neurótico, eles variam de acordo com a estrutura de sua personalidade – idílica, egóica ou superegóica. Apesar desta diferença, o ponto comum entre elas é a forma a qual foram geradas, através da angustia – esta que, para Freud, esta ligada a um acúmulo de energia, logo, esta conectada a libido. Neste processo são acionados os mecanismos e prazer e desprazer, ligados ao Id.

A angústia, juntamente com a força do Superego, faz com que o neurótico passe a esquivar-se do prazer, muitas vezes faz isso sublimando seu desejo. Desta maneira, o acumulo de energia para determinada atividade que não é reconhecida ou aceita conscientemente mantém-se ali, fixa, aguardando o momento de ser utilizada. As demais atividades perdem o rendimento e deixam de gerar prazer, pois a libido possui somente um foco naquele momento, o desejo não realizado.

Para evitar todo este processo conflituoso, anterior a angústia, podem surgir as inibições – da função do Ego. Estas podem se manifestar no âmbito sexual, de nutrição, locomoção e de trabalho. O processo é semelhante a histeria, porem, menos grave – onde há uma perda parcial e momentânea da função, diferentemente da histeria, onde há uma afetação por completo.

Com esta inibição identificada, por exemplo, diminuição do prazer sexual ou esquiva para não praticar o ato, indica que há algum problema a ser observado – seja na relação atual, passada (englobando a infantil) ou, até mesmo, íntima e pessoal. A inibição, este acúmulo de energia tende a estar ligado ao medo e tensão, onde é acionado o mecanismo de sobrevivência, onde o indivíduo necessita manter-se estável perante determinado acontecimento, mesmo que este “estável”  não seja um estado desejado  conscientemente e sim inconscientemente – um trabalho realizado pelo Ego para evitar conflitos maiores com o Id ou com o Superego.

A neurose da continuidade e surgem então os sintomas, estes estão ligados a autopiedade e autopunição – resultados dos prazeres proibidos e dos desprazeres reprimidos. Pela repressão, estes sintomas são então os substitutos da satisfação pulsional, esta que não consegue ser realizada. Todo este processo para ser resolvido necessita ser identificado o gatilho que disparou a neurose, ou seja, qual foi o desejo que recolheu tamanha energia e não foi autorizado a ser realizado. A psicanálise não somente identifica o gatilho, mas, sim, o motivo de seu surgimento, para que então toda esta cadeia possa ser revista e ressignificada – bem como a energia, que deve ser redirecionada para um desejo aceito conscientemente, logo, dentro do princípio de realidade.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sonhos: um dos mais importantes objetos de análise



                                                                                                                                           Imagem: reprodução Internet

O conteúdo presente nos sonhos é resultado de memórias passadas e atuais, os tradicionais restos diurnos, “misturados” também com desejos conscientes e inconscientes. Importante reforçar que a cada sono o sonho acontece, sendo lembrado ou não pelo sonhador. Ao acordar, colocando-se em estado desperto, ativando o consciente, o mecanismo psíquico volta a sofrer ação do recalque, processo realizado pelo Superego onde determinados conteúdos considerados por ele impróprios mantêm-se inconsciente, desta forma, o sonho é, parcialmente ou completamente, apagado da memória do sonhador.

Ao analisar um sonho é preciso conhecer esta ação de recalque, pois, além de permitir ou não que o conteúdo torne-se consciente, logo, lembrado, o recalque, a censura, age também no conteúdo manifesto durante os sonhos. Símbolos – como pessoas, lugares e determinadas ações, por exemplo – aparecem de uma maneira a qual não será geradora de sofrimento ao sonhador, assim, consegue tornar-se consciente e objeto de análise para que o conteúdo latente deles possa ser então descoberto.

O conteúdo remanescente em um sonho pode estar ligado a algum problema sofrido pelo sonhador ou pode também estar relacionado ao seu momento atual de vida, uma tomada de decisão, mudança de trabalho, casamento, por exemplo. O sonho não deve ser ignorado, muito pelo contrario, ele esta sempre querendo mostrar algo, o caminho é longo, mas esta sendo apresentado. Um sonho recorrente deve ser analisado com muito cuidado, pois trata-se de um assunto mais antigo, talvez, de uma pendência da fase infantil – ainda não superada completamente.

Por parte da psicanálise, o sonho é analisado juntamente com o caminhar da terapia. O conteúdo latente dele é identificado pelo profissional através da associação livre do paciente, dos detalhes que ele revela sobre sua vida e suas angústias, desejos, medos, inseguranças, preconceitos... Como todo o processo de analise, a interpretação dos  sonhos não é um trabalho somente do terapeuta, é um trabalho em conjunto, onde o profissional guia a terapia pelo caminho o qual lhe é apresentado pelo paciente.

O livro dos sonhos de Freud e toda sua obra relacionada ao assunto é sim uma espécie de manual para contribuir com o trabalho do terapeuta, porém, casos relatados lá, conforme já dito anteriormente, são únicos, não devem ser utilizados como base para casos que estão sendo tratados. Deve-se levar sempre em consideração que cada indivíduo possui uma história de vida individual, logo, uma significação diferente para cada um dos símbolos representados em sonhos. Por exemplo, gêmeos, dois meninos, podem possuir características físicas idênticas e temperamentos e comportamentos completamente distintos, além da forca interior, do Id, Ego e Superego, existe o meio no qual foram criados, as interações, que são unicamente direcionadas para uma pessoa especifica, jamais para duas.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A falta de controle do ser humano



                                                                                Imagem: reprodução Internet

O Id, o Ego e o Superego são as três instâncias do aparelho psíquico que “controlam” cada indivíduo. Com esta tópica Freud fez cair por terra um dos últimos poderes que restavam ao homem – após Copérnico e Darwin – a do autocontrole. Com a apresentação das três instâncias, o medico deixou claro que não há um controle absoluto sobre as ações, há, sim, um movimento do aparelho psíquico durante cada tomada de decisão.

O Id - que esta mais para o inconsciente – esta relacionado com os desejos, libidos, a busca prelo prazer – o principio de prazer. O Ego esta mais para o princípio de realidade, logo, o consciente – ele faz as mediações entre prazeres e realidade. Acompanhando os dois, esta o Superego, este que faz o papel mais rígido, é o mais racional, aquele que condena, reprime, proíbe.

Todo indivíduo possui uma das três instâncias mais fortes, porem, para manter a saúde mental, é preciso que elas consigam trabalhar em grupo e possa sobressair, no momento oportuno, a que melhor trará uma solução para o indivíduo – sem gerar culpa ou angustia – possíveis causadoras de uma futura neurose.

 Na fase adulta, após vivenciar as fases oral, anal e fálica, um indivíduo saudável – que conseguiu superar todas as fases – encontra-se na fase genital, onde o objeto de prazer já não é mais interno e sim externo, o outro. Na fase adulta também, o princípio de prazer infantil é substituído pelo princípio de realidade – onde o indivíduo compreende que nem todos os seus desejos podem ser atendidos fidedignamente a sua fantasia delirante inconsciente e carregada de libido.

Voltando, com ênfase para “a fase adulta”, nem todos os adultos estão na fase adulta. Bem como não somente na infância existem momentos infantis. Um jovem, após os 18 anos, por exemplo, que já estaria entrando na fase adulta, caso tenha tido um trauma, uma falha no desenvolvimento em alguma fase anterior, pode estar atrelado a ela e não passar para a fase genital – podendo ficar preso a oral, anal ou fálica, dependendo do momento em que não conseguiu “evoluir”.

A análise identifica todos estes “problemas” – deixando claro que a palavra problema não pode ser generalizado, algo que acabe sendo encarado desta maneira por um paciente pode não ser tratado desta forma por todos, cabe ao analista mergulhar no assunto e vasculhar, pois o que não parece ser encarado como um problema, pode estar sofrendo efeito da resistência, ou, também, pode realmente não gerar frustração devido a história de vida. Algo deve ser encarado como um problema quando pode estar prejudicando o desempenho de diversas atividades do indivíduo, bem como as tomadas de decisões, e vai na origem – encontro o ponto que acarretou todo o círculo de demandas não positivas e parte então para o trabalho da ressignificação