sexta-feira, 15 de maio de 2015

De médico a monstro


     Freud é visto desta maneira por muitos. O austríaco tinha tudo para ser mais um médico bem-sucedido do início do século IXX, mas ele não estava satisfeito em simplesmente exercer o trabalho que esperavam dele. Freud parte da medicina para a psiquiatria e se apaixona pela “medicina alternativa” da época, a hipnose. Ao observar a “cura” proposta pela hipnose, o médico resolveu aprofundar seus estudos sobre o que de tão diferente estar hipnotizado causava no organismo a ponto de um indivíduo apresentar-se curado.

     Daí surgiram as primeiras tópicas: a divisão aparelho psíquico em consciente, pré-consciente e inconsciente, e as instâncias controladores de cada sujeito, Id, Ego e Superego.

                                                                                                                                   Imagem: Reprodução Internet

      O “inconsciente” foi e é o grande objeto de estudo da psicanálise, pois, ele, é responsável por armazenar tudo que parece ter sido esquecido. Para Freud, nada é esquecido ou apagado da então memória, o conteúdo somente está em um “ambiente” inacessível. Essa inacessibilidade dá-se devido a ser um conteúdo que tende a provocar sofrimento se relembrado e revivido. Memórias recentes ou antigas, como da infância, ali vivem.

     Este conteúdo costuma manifestar-se em sonhos, onde ali surgem mesclados com memorias recentes e, muitas vezes, camuflados – necessitando de uma espécie de tradução – para o médico, interpretação. O mecanismo que não deixa este tipo de conteúdo tornar-se consciente é o recalque, comandado pelo Superego. O sofrimento que o conteúdo pode gerar é recordar-se de um trauma muito grande ou revelar um desejo proibido conscientemente – socialmente.

     Se controlado completamente pelo Id, recalque não há. Para o Id, não há regras externas, somente as internas, regidas pelo princípio do prazer, onde tudo é possível e aceitável. Como pode ser visto então, o Superego possui a tarefa de reprimir o Id, logo, torna-se um ditador, colocando imposições e regras sobre muitas das atitudes e desejos. Enfim, aparece o Ego para tentar mediar toda a situação conflitante e fazer com que ambos saiam satisfeitos com o gasto energético. A energia pode ser deslocada – transferida – para um outro objeto ou pessoa, estando Id e Superego de acordo com a proposta do Ego. E, assim, conscientemente, o sujeito sente-se satisfeito.

     Estes desejos que são recorrentes na vida adulta são reflexos diretos da vida infantil. Este talvez seja o grande motivo pelo qual a psicanálise foi e é encarada como algo “sem fundamento e absurdo” por muitos, principalmente os mais religiosos – para não dizer os mais desinformados e leigos no assunto. Freud apresentou a teoria de que a sexualidade começa a se desenvolver logo após o nascimento e está presente em todas as fases da vida. Porém, de uma maneira muito diferente em cada fase.

     Os desejos expressados por crianças e adultos são muito diferentes. Um bebê, uma criança, buscam também prazer, porém, em diferente objetos e situações. Se aprofundando na teoria, Freud definiu os estágios da sexualidade: oral, anal, fálica, latente e genital. Estas fases estão ligadas as zonas erógenas sendo descobertas e os prazeres que elas apresentam. A boca – durante a sucção dos alimentos, o ânus – ao controlar a urina e as fezes, o órgão sexual – descobrindo seu funcionamento e detalhes, a latência durante a pré-adolescência e adolescência – buscando desmistificar todas as fases anteriores e conseguir incluir-se na seguinte, por fim, a genital – onde já foi possível conhecer e reconhecer, pelo menos, boa parte das zonas erógenas.



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