sexta-feira, 16 de maio de 2014

A fase fálica do desenvolvimento da libido e a medicina psicossomática



                                                                                      Imagem: Reprodução Internet

Freud designou três fases pela qual todo individuo passa, inicialmente em sua infância: oral, anal e fálica. Estas fases podem, por um momento, serem superadas, porém, por toda a vida, é possível que o sujeito retorne a uma delas, para aquela que lhe dava mais prazer. A fase mais prazerosa é vista como a oral, a primeira enfrentada e, supostamente, superada, onde o bebê tem todas as suas necessidades supridas pela mãe. Por exemplo, pessoas, que falam muito, mesmo adultas, podem ter retornado a fase oral, onde a fonte de prazer é a boca.
A fase anal consiste no controle das necessidades fisiológicas, quando quero e é possível ir ao banheiro, a retirada da  fralda e o inicio a utilização do banheiro, o prazer e o desprazer aos primeiros contatos com os produtos que são excretados, expulsos pelo organismo do corpo.
E, por fim, a fase fálica, que acontece inicialmente por volta dos três a cinco anos, é a fase de descoberta do órgão sexual, a identificação com o corpo adulto dos pais. O menino sofre por sentir-se inferior ao pai, devido a diferença de tamanho do membro fálico e sente o medo da castração, em sua ideia, situação sofrida pela mãe. A menina sente-se diminuída, pois não possui o membro, então, já foi castrada, já cometeu um ato e foi punida. Nesta fase dá-se o Complexo Édipo, o primeiro amor, o pai e a mãe.
As fases, assim como toda ação, são movidas por pulsões (que, por sua vez, são motivadas por desejos). As pulsões sexuais são então a carga de energia que busca a realização de um desejo. A libido narcísica busca a obtenção de prazer, enquanto a libido objetal busca a obtenção de prazer com um objeto ou pessoa. Esta energia é sexual, porém, seu objeto de desejo pode não mais ser. Este é o processo de sublimação, onde a carga sexual mantém-se inconsciente, devido o recalcamento, e a ação do sujeito vira-se para outro objeto, terno, simples e também prazeroso.
Diferentemente das pulsões sexuais, as pulsões de vida (Eros) do Ego buscam a autopreservação, manter-se vivo, como as necessidades de alimentar-se e dormir – estas pulsões de vida não podem ser sublimadas, somente são satisfeitas com o objeto específico. Já as pulsões de morte (Tânatos) são representadas pela repetição de situações geradoras de desprazer, atingindo principalmente o conteúdo de sonhos e desenvolvendo neuroses.
A pele é a divisão entre o sujeito interno e o mundo externa, este órgão tem a tarefa de contar o conteúdo interno e barrar o conteúdo externo. Em neuroses graves, como, por exemplo, a histeria, ou conversiva, esta barreira é rompida, e o que era interno torna-se aparente, fisicamente. A medicina psicossomática, juntamente com as áreas da psicologia, incluindo a psicanálise, estudam o fenômeno de um problema físico sem razão fiosiológica, então, dá-se a explicação de um fenômeno psíquico como criador do mal. Por exemplo, fortes dores de cabeça, enxaquecas frequentes, sem nenhum problema neurológico, estomacal ou auditivo, provém de uma neurose, um conteúdo inconsciente que precisa aparecer, ser vista, aceito, compreendido, bem como enfrentado e resolvido – da maneira com a qual o sujeito entender como a melhor para seu momento de vida.É a maneira encontrada para que o conteúdo inconsciente passe, de alguma maneira, a ser consciente, um sinal de alerta.


Para Freud, “toda enfermidade é intencional”, devido seu ganho secundário. Um histérico, por exemplo, ao sofrer constantes desmaios, recebe atenção e cuidados daquele que o rodeiam, seja por real preocupação ou uma espécie de compaixão, onde deve-se ajudar o outro, pois, eu mesmo poderia estar ali e gostaria de receber ajuda.

domingo, 11 de maio de 2014

Mecanismos de defesa do Ego



                                                                              Imagem: Internet
 Os mecanismos de defesa são mecanismos psíquicos inconscientes desenvolvidos para aliviar a tensão realizada por parte de Id e Superego sobre o Ego. Durante este processo realizado por Id e Superego, quando esta tensão é prolongada, surgem as neuroses. Para Freud, a defesa exclui da consciência sentimentos e desejos desagradáveis ao Ego, tornando o conteúdo inconsciente, recalcado; porém, evitando um dano maior ao aparelho psíquico, como um surto psicótico, por exemplo.
Os mecanismos de defesa podem ser: primitivos – dissociação, identificação projetiva, introjeção e negação - (presentes em psicoses e transtornos de personalidade), neuróticos– sublimação, repressão, deslocamento, formação reativa, isolamento, anulação, somatização e conversão -  (presentes em neuroses, atos falhos e sonhos) e defesas maduras (onde o sujeito se adapta a situação). Nem sempre as defesas são bem-sucedidas, extinguindo os sintomas, elas podem ser ineficazes, permitindo a continuidade do sintoma apresentado, da rejeição.

Professor Antonio Lima: https://www.youtube.com/watch?v=BgoyP-ow11A

Mecanismos de defesa - primitivos:
- dissociação: seio bom (aquele que alimenta a fome e o prazer oral) e seio mau (aquele que não supre a necessidade) – algo é totalmente bom ou totalmente mau, dissociando da realidade onde ambos os sentimentos estão presentes em um mesmo objeto;
- introjeção e identificação introjetiva: identificar-se com um objeto (com parte dele ou por inteiro) e incorporá-lo, “tornar-se ele” para que ele possa estar protegido - pegar, do outro para mim, aquilo que me agrada;
- projeção e identificação projetiva: projetar no outro - pessoa ou objeto - tirando de si aquilo que recusa, tornando o outro o possuidor e controlador das partes com as quais cria-se a identificação;
- negação: nega-se a sensação de dor – o seio mau, “torna-se” bom;
- idealização: o objeto que satisfaz os desejos, no caso, o seio bom, torna-se o objeto ideal – sendo capaz de sanar todas as necessidades, não somente a do alimento;
- controle onipotente dos objetos: o Ego assume o controle de ambos os seios, interna e externamente.

            Mecanismos de defesa - neuróticos:
- sublimação: transferir a energia que seria utilizada para fins sexuais a outros objetos – estes, aceitos, bem vistos, socialmente;
- repressão: retirar do consciente determinado conteúdo, levando-o até o pré-consciente – diferentemente do processo de recalque, no qual o conteúdo é direcionado ao inconsciente;
- deslocamento: deslocar para outro, objeto ou pessoa, um sentimento, desejo, pulsão – positivo ou negativo – aquilo que é, pode não ser, como por exemplo, os sonhos, compostos por conteúdo manifesto e latente;
- formação reativa: formulação de desejo consciente inverso ao desejo inconsciente - recalcado;
- isolamento: é a separação de um pensamento ou um ato do restante do contexto do qual está inserido – analiso, vivo somente aquele ponto;
- anulação: o sujeito “desfaz” um determinado ato ou pensamento, para ele, o fato não existiu;
- conversão: o conflito psíquico passa a ser físico, uma forma de alerta para que a situação seja resolvida – ex.: paralisia de um membro sem nenhuma explicação médica, não apresentando lesão óssea ou muscular;
- somatização: semelhante a conversão, porém, apresenta lesão física, no membro/ órgão afetado;
- fixação e regressão: estão ligadas aos estágios de desenvolvimento, onde é possível evoluir de um para o outro, porém, regredir a um estágio pelo qual, aparentemente, já havia sido superado, caso exista uma fixação nele;
- fantasia: situação criada mentalmente que satisfaz o desejo que não pode ser satisfeito na vida real;
- compensação: compensar um “defeito” trabalhando exageradamente uma “qualidade” de si mesmo – pode estar relacionado a algo físico ou psíquico.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Os três ensaios sobre a teoria da sexualidade



                                                                                                                 Imagem: Reprodução Internet

Todo indivíduo é movido por uma pulsão, um desejo, uma espécie de motivação. Para a psicanálise, esta força é sexual, primitiva, porém, pode ser parcialmente controlada pelo sujeito. Além da existência do consciente e do inconsciente, Freud declara também três “personagens” que compõem cada indivíduo: Id, Ego e Supergo. Estes três travam a cada instante uma batalha interna para provar qual deles é o mais forte e qual consegue comandar seu suposto dono, que nada mais é que um escravo. Com esta teoria, Freud tirou a única certeza que restava aos homens, o autocontrole.
O Id pode ser considerado o sincero, impulsivo, aquele que assume seus desejos, por mais impuros que sejam. Seu defeito? Ignorar a convivência social e buscar, a todo custo, seu prazer imediato e instantâneo. O Superego é completamente o inverso. Aquele ser castrador, que precisa ser aceito e bem visto socialmente, que ignora seus sentimentos e necessidades para que possa fazer parte de um grupo.
O Ego? Pobre Ego. Ele é o morno. Aquele que está no meio, levanto tiro de todos os lados, tentando mediar, porém, o que mais causa, é sofrimento, por não conseguir resolver de uma vez por todas batalha interna. Ora Id vence, ora Superego vence. E quando o Ego vence, qual o sentimento? Morno! Pois há a realização parcial de um desejo do Id e uma aceitação do Superego em realizar determinada tarefa.
As pulsões apontadas pela psicanálise são sexuais, porém, não envolvem diretamente o sexo, o prazer no ato sexual. Pode-se citar um exemplo tipicamente masculino, ter uma Ferrari por exemplo. O sujeito busca o carro por se veloz, confortável, bonito. Desejos conscientes e claramente entendidos dentro do cunho social. Lá na ponta do iceberg, em seu inconsciente, ele busca um carro que poucos têm condições financeiras de comprar para exaltar o quanto é especial, para afirmar o quanto ele é poderoso, viril, único. Sentimentos que podem ter se desenvolvido em um desamor na fase da infância.
É comum o sujeito buscar tapar o buraco de uma falta que lhe deixa um vazio com coisa materiais ou com pessoas, porém, se não encontrada e permitida a aceitação da real causa da falta, esta, nunca poderá ser preenchida. É sim também, verdade de que uma falta preenchida, foca-se em outra, e assim, sucessivamente as neuroses vão surgindo, desaparecendo, se transformando.
A psicanálise, o método catártico, a interpretação dos sonhos, traz o sujeito para a realidade de que, nem ele nem ninguém, podem ser perfeitos aos olhos de uma sociedade falha, onde, ao mesmo, permite que vivam juntos os taxados bons e maus, fazendo assim, com que sejam conhecidos prazeres diferentes, e que ambos sejam objeto de desejo, de posse, para si.