Mostrando postagens com marcador Anna Freud. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Anna Freud. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de maio de 2014

Mecanismos de defesa do Ego



                                                                              Imagem: Internet
 Os mecanismos de defesa são mecanismos psíquicos inconscientes desenvolvidos para aliviar a tensão realizada por parte de Id e Superego sobre o Ego. Durante este processo realizado por Id e Superego, quando esta tensão é prolongada, surgem as neuroses. Para Freud, a defesa exclui da consciência sentimentos e desejos desagradáveis ao Ego, tornando o conteúdo inconsciente, recalcado; porém, evitando um dano maior ao aparelho psíquico, como um surto psicótico, por exemplo.
Os mecanismos de defesa podem ser: primitivos – dissociação, identificação projetiva, introjeção e negação - (presentes em psicoses e transtornos de personalidade), neuróticos– sublimação, repressão, deslocamento, formação reativa, isolamento, anulação, somatização e conversão -  (presentes em neuroses, atos falhos e sonhos) e defesas maduras (onde o sujeito se adapta a situação). Nem sempre as defesas são bem-sucedidas, extinguindo os sintomas, elas podem ser ineficazes, permitindo a continuidade do sintoma apresentado, da rejeição.

Professor Antonio Lima: https://www.youtube.com/watch?v=BgoyP-ow11A

Mecanismos de defesa - primitivos:
- dissociação: seio bom (aquele que alimenta a fome e o prazer oral) e seio mau (aquele que não supre a necessidade) – algo é totalmente bom ou totalmente mau, dissociando da realidade onde ambos os sentimentos estão presentes em um mesmo objeto;
- introjeção e identificação introjetiva: identificar-se com um objeto (com parte dele ou por inteiro) e incorporá-lo, “tornar-se ele” para que ele possa estar protegido - pegar, do outro para mim, aquilo que me agrada;
- projeção e identificação projetiva: projetar no outro - pessoa ou objeto - tirando de si aquilo que recusa, tornando o outro o possuidor e controlador das partes com as quais cria-se a identificação;
- negação: nega-se a sensação de dor – o seio mau, “torna-se” bom;
- idealização: o objeto que satisfaz os desejos, no caso, o seio bom, torna-se o objeto ideal – sendo capaz de sanar todas as necessidades, não somente a do alimento;
- controle onipotente dos objetos: o Ego assume o controle de ambos os seios, interna e externamente.

            Mecanismos de defesa - neuróticos:
- sublimação: transferir a energia que seria utilizada para fins sexuais a outros objetos – estes, aceitos, bem vistos, socialmente;
- repressão: retirar do consciente determinado conteúdo, levando-o até o pré-consciente – diferentemente do processo de recalque, no qual o conteúdo é direcionado ao inconsciente;
- deslocamento: deslocar para outro, objeto ou pessoa, um sentimento, desejo, pulsão – positivo ou negativo – aquilo que é, pode não ser, como por exemplo, os sonhos, compostos por conteúdo manifesto e latente;
- formação reativa: formulação de desejo consciente inverso ao desejo inconsciente - recalcado;
- isolamento: é a separação de um pensamento ou um ato do restante do contexto do qual está inserido – analiso, vivo somente aquele ponto;
- anulação: o sujeito “desfaz” um determinado ato ou pensamento, para ele, o fato não existiu;
- conversão: o conflito psíquico passa a ser físico, uma forma de alerta para que a situação seja resolvida – ex.: paralisia de um membro sem nenhuma explicação médica, não apresentando lesão óssea ou muscular;
- somatização: semelhante a conversão, porém, apresenta lesão física, no membro/ órgão afetado;
- fixação e regressão: estão ligadas aos estágios de desenvolvimento, onde é possível evoluir de um para o outro, porém, regredir a um estágio pelo qual, aparentemente, já havia sido superado, caso exista uma fixação nele;
- fantasia: situação criada mentalmente que satisfaz o desejo que não pode ser satisfeito na vida real;
- compensação: compensar um “defeito” trabalhando exageradamente uma “qualidade” de si mesmo – pode estar relacionado a algo físico ou psíquico.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Ato falho e lapso da fala





Pode-se dizer, a grosso modo, que Freud conseguiu explicar a constante briga interna acontecida em todos os indivíduos, alguns de maneira mais perceptível, outros de um modo mais discreto. Esse conflito de desejos acontece devido a presença e disputa entre o Id, Ego e Supergo. O Id controla, ou melhor, descontrola os desejos, age com uma vontade primitiva: quero = vou fazer. O Superego, que começa a se formar por volta dos quatro anos de idade, é um lado controlador, preocupado com as consequências sociais, principalmente, que o indivíduo sofrerá ao ter tal atitude. E, por fim, o ego, tenta atender a demanda de ambas, tentando mediar os prazeres do indivíduo, sendo assim, nem Id, nem Superego saem completamente satisfeitos, gerando uma espécie de prazer moderado – pelo Ego.

Além dos três, identifica-se também um Ego auxiliar, a sociedade e a mídia. Estas, juntas, criam e disseminam comportamentos aceitáveis ou não, desta maneira, o sujeito tem a necessidade de, antes de cada ato, fazer mais uma espécie de consulta para tentar ter um respaldo sobre quais reações seu comportamento pode gerar. Aqui pode ser trazida uma fala muito conhecida de Freud “Ao fazer uma escolha, perco outra (s)”. O indivíduo precisa, de certa maneira, escolher se agrada a si mesmo naquele determinado momento da busca de prazer ou se aceita não realizar tal ato devido as consequências que o mesmo pode lhe trazer em convívio com a sociedade repressora, assim como irá precisar conviver com a culpa interna provocada pelo Superego. Aqui, o indivíduo, na maioria das vezes, aceita sublimar seu desejo e provocar uma angústia menor do que seria se sucumbisse aos desejos do Id, e pudesse gerar um conflito social, lhe trazendo uma angústia ainda maior, devido a não aceitação em seu grupo.



A sociedade atual, capitalista, busca destruir o Ego, o moderador, quer ela, de maneira única controlar, para isso, utiliza o consumo e o auxílio da mídia para que tudo tenha um tempo de vida útil, seja uma roupa, um aparelho celular ou um comportamento aceitável. Assim, acaba segmentando muitos, poucos grupos se destoam da massa e estes, em sua maioria, não são bem vistos, pois agem “por si só”, sem aceitar o controle imposto sutilmente.

Este conflito acontece a todo instante sem que seja diretamente percebido pelo indivíduo que abriga as três instâncias. Ao sublimar um desejo do Id, é comum que ele encontre uma espécie de válvula de escape, chamada por Freud de “ato falho”, e o mais comum de acontecer é o da fala, onde o indivíduo fala algo que o Id gostaria de fazer ou falar “sem querer” assim, está externalizando seu desejo, por mais que o mesmo não será realizado. É um sinal de alerta para que a disputa interna seja melhor avaliada para não se criar uma neurose de angústia ainda mais forte e causadora de problemas maiores, interno ou esterno. Aqui entra a psicanálise, interpretada como uma lanterna, para que estes desejos e conflitos possam ser vistos abertamente e “resolvidos” pelo indivíduo, tratando a causa inconsciente.

Como todo desejo parte do inconsciente e conta com a conotação sexual, são encontrados muitos casos onde pessoas, numa reunia de negócios, por exemplo, ao se expressarem, trocam palavras de seu discurso por outras com sentido sexual, pois não estão inteiramente naquele ambiente em determinado momento. Estão sim passando por uma situação de angústia na qual o Id encontra esta maneira de satisfezar parcialmente seu prazer.

Durante este embate entre Id, Ego e Superego, o indivíduo utiliza-se de “ferramentas”auxiliares para buscar o controle da situação, estas são chamadas de “Mecanismos de defesa”, inicialmente identificados por Freud e o estudos nestes foi aprofundado por sua filha, Anna. Repressão, deslocamento, formação reativa, anulação, somatização, conversão, projeção, intelectualização e sublimação são os nove itens identificados pelo estudo de Anna Freud.