Freud é visto desta maneira por muitos. O austríaco
tinha tudo para ser mais um médico bem-sucedido do início do século IXX, mas
ele não estava satisfeito em simplesmente exercer o trabalho que esperavam
dele. Freud parte da medicina para a psiquiatria e se apaixona pela “medicina
alternativa” da época, a hipnose. Ao observar a “cura” proposta pela hipnose, o
médico resolveu aprofundar seus estudos sobre o que de tão diferente estar
hipnotizado causava no organismo a ponto de um indivíduo apresentar-se curado.
Daí surgiram as primeiras tópicas: a divisão
aparelho psíquico em consciente, pré-consciente e inconsciente, e as instâncias
controladores de cada sujeito, Id, Ego e Superego.
O “inconsciente” foi e é o grande objeto de estudo
da psicanálise, pois, ele, é responsável por armazenar tudo que parece ter sido
esquecido. Para Freud, nada é esquecido ou apagado da então memória, o conteúdo
somente está em um “ambiente” inacessível. Essa inacessibilidade dá-se devido a
ser um conteúdo que tende a provocar sofrimento se relembrado e revivido.
Memórias recentes ou antigas, como da infância, ali vivem.
Este conteúdo costuma manifestar-se em sonhos, onde
ali surgem mesclados com memorias recentes e, muitas vezes, camuflados –
necessitando de uma espécie de tradução – para o médico, interpretação. O
mecanismo que não deixa este tipo de conteúdo tornar-se consciente é o
recalque, comandado pelo Superego. O sofrimento que o conteúdo pode gerar é
recordar-se de um trauma muito grande ou revelar um desejo proibido
conscientemente – socialmente.
Se controlado completamente pelo Id, recalque não
há. Para o Id, não há regras externas, somente as internas, regidas pelo
princípio do prazer, onde tudo é possível e aceitável. Como pode ser visto
então, o Superego possui a tarefa de reprimir o Id, logo, torna-se um ditador,
colocando imposições e regras sobre muitas das atitudes e desejos. Enfim,
aparece o Ego para tentar mediar toda a situação conflitante e fazer com que
ambos saiam satisfeitos com o gasto energético. A energia pode ser deslocada –
transferida – para um outro objeto ou pessoa, estando Id e Superego de acordo
com a proposta do Ego. E, assim, conscientemente, o sujeito sente-se
satisfeito.
Estes desejos que são recorrentes na vida adulta
são reflexos diretos da vida infantil. Este talvez seja o grande motivo pelo
qual a psicanálise foi e é encarada como algo “sem fundamento e absurdo” por
muitos, principalmente os mais religiosos – para não dizer os mais
desinformados e leigos no assunto. Freud apresentou a teoria de que a
sexualidade começa a se desenvolver logo após o nascimento e está presente em
todas as fases da vida. Porém, de uma maneira muito diferente em cada fase.
Os desejos expressados por crianças e adultos são
muito diferentes. Um bebê, uma criança, buscam também prazer, porém, em
diferente objetos e situações. Se aprofundando na teoria, Freud definiu os
estágios da sexualidade: oral, anal, fálica, latente e genital. Estas fases
estão ligadas as zonas erógenas sendo descobertas e os prazeres que elas
apresentam. A boca – durante a sucção dos alimentos, o ânus – ao controlar a
urina e as fezes, o órgão sexual – descobrindo seu funcionamento e detalhes, a
latência durante a pré-adolescência e adolescência – buscando desmistificar
todas as fases anteriores e conseguir incluir-se na seguinte, por fim, a
genital – onde já foi possível conhecer e reconhecer, pelo menos, boa parte das
zonas erógenas.